O cortejo fúnebre que acompanha o corpo do general Qasem Soleimani pelas ruas das cidades do Irã tem sido marcado por um misto de revolta e apreensão. Muitos dos iranianos que fizeram questão de participar da marcha torcem por uma saída diplomática e temem que uma resposta 'forte' possa dar início a uma "guerra desigual".
Leia também: Irã considera 13 'cenários de vingança' contra EUA após morte de general
"Participei da marcha para mostrar minha raiva e indignação com os EUA , mas não quero que o Irã responda de forma dura ou vingativa porque isso causaria uma guerra muito desigual. As baixas civis e os efeitos colaterais seriam devastadores para o nosso país", afirmou Payam Parhiz, jornalista que esteve entre os milhares que acompanhavam o cortejo na cidade de Tehran, em entrevista à CNN.
"Torço para que não aconteça nenhum tipo de retaliação e que uma solução diplomática seja encontrada para a situação. Isso seria muito melhor do que o velho 'olho por olho'", ressaltou Parhiz.
Jalal Bazargar, jornalista de 49 anos, foi outro que apontou a via diplomática como a melhor opção para o Irã, ressaltando que uma guerra contra os Estados Unidos seria um " suicídio " para o país: "acredito na habilidade de negociação de nossos governantes para que a situação seja resolvida da forma mais pacífica possível".
Você viu?
Leia também: Irã pede explicações ao Brasil sobre nota de apoio aos Estados Unidos
Apesar de toda a irritação, houve espaço também para a exaltação da figura de Soleimani entre os participantes da marcha. Morador de Tehran, Hasan Razavi afirmou que o general jamais será esquecido e que a celebração popular após sua morte entrará para a história do Irã.
"A marcha foi gloriosa, pode ser comparada ao que aconteceu em 1989, quando o Khomeini morreu. Qasem Soleimani é um herói nacional. Ele era um comandante que lutava pela paz. Acredito que o governo deveria apresentar uma moção contra o ato terrorista cometido pelos americanos ", afirmou.
Toda esta comoção acabou produzindo cenas trágicas: no início da manhã desta terça-feira (7), uma confusão teve início no meio da multidão e diversas pessoas acabaram pisoteadas. Até o momento, agências confirmam que ao menos 40 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas.
Leia também: Estados Unidos negam visto para chanceler do Irã participar de reunião da ONU
Por conta disso, o sepultamento de Soleimani , que deveria acontecer no início da tarde, teve que ser adiado por algumas horas.