A senadora do Movimento Democrata Social e segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez , se autodeclarou presidente da Bolívia na noite desta terça-feira (12), mesmo sem quórum no Congresso. A parlamentar é opositora do partido do ex-presidente Evo Morales .
Estiveram ausentes a bancada majoritária do Movimento ao Socialismo (MAS) partido de Evo, mas isso não impediu que Jeanine desse encaminhamento à autoproclamação. O cargo de presidente está vago desde o domingo, após Morales renunciar em meio à pressão dos opositores.
"Assumo de imediato a presidência do Estado e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar o país", disse Áñez durante o anúncio de posse, segundo informações do O Globo.
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O Congresso foi reunido pela oposição de Evo durante esta terça-feira (12) com o intuito de aceitar de maneira oficial a carta em que o ex-presidente renuncia o cargo. A intenção dos opositores também era estabelecer o sucessor segundo as exigências constitucionais do país.
A sessão foi adiada na Câmara após duas tentativas sem quórum suficiente. Após mais de duas horas de espera, Áñez anunciou no Senado que estava assumindo o cargo.
Os parlamentares do MAS informaram que tinham intenção de comparecer, no entanto as condições de segurança para o deslocamento até o Senado eram arriscadas.
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Apoiadores de Morales entraram em confrontos com manifestantes convocados por Luiz Fernando Camacho, líder da ala mais radical da oposição, em frente à Assembleia Legislativa Plurinacional, espaço em que se situa o Congresso boliviano .
Camacho tem tomado a frente de manifestações pela renúncia de Morales desde o dia 20 de outubro, data do pleito que reelegeu pela quarta vez Evo Morales.
Linha sucessória
A renúncia de Evo Morales e do seu vice abriu caminho para que a linha sucessória tivesse como genealogia os presidentes do Senado e da Câmara, respectivamente Estaria Adriana Salvatierra e Victor Borda. No entanto, os dois também entregaram os cargos.
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Segundo a Constituição boliviana , cabe a convocação de novas eleições em até 90 dias. Contudo, o país precisaria de um presidente para conduzir o processo. A sucessão foi então reivindicada por Áñez.
A Central Obreira da Bolívia (COB), maior sindicato dos trabalhadores do país, pediu que políticos restruturassem a ordem em 24 horas. Caso o pedido não seja cumprido, as lideranças ameaçam realizar uma greve geral.
"A Central Obreira da Bolívia (COB) se dirige aos líderes políticos e cívicos que causaram todo esse caos. Damos a eles 24 horas para restaurar a ordem constitucional", disse Juan Carlos Huarachi, secretário executivo da COB momentos antes da suspensão das sessões, segundo O Globo.