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Segundo relatório, duas mortes ocorreram em delegacias e cinco pessoas foram mortas pelas forças de segurança desde o início dos protestos no país

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Reprodução/Twitter Mauro Cruz
Procuradoria investiga 23 mortes em protestos no Chile

A Procuradoria do Chile anunciou na noite desta quarta-feira (30) que investiga a  morte de 23 pessoas na onda de protestos que sacode o país há 12 dias, incluindo cinco por ação de agentes do estado e duas em delegacias da polícia. As mortes ocorreram durante o estado de emergência que o presidente Sebastián Piñera decretou por nove dias, durante os quais a segurança em Santiago e em outras cidades do país ficou sob a responsabilidade das Forças Armadas .

Na terça-feira, um  ministro chileno reconheceu pela primeira vez que “pode ter havido” violação dos direitos humanos durante protestos. “A @FiscaliadeChile mantém abertas 23 investigações por mortes ocorridas no contexto do estado de exceção”, revelou a procuradoria do Chile em sua conta oficial no Twitter.

A mensagem traz uma relação dos falecidos, incluindo 16 mortos “durante a suposta comissão de crimes comuns”, cinco “por ação de agentes do Estado” e dois “sob custódia do Estado”. As últimas duas vítimas são dois homens que morreram em delegacias policiais, segundo a procuradoria. Segundo as autoridades, um corpo ainda não foi identificado, de uma pessoa que morreu supostamente em um incêndio no interior de um supermercado em Maipú.

Além disso, segundo a contagem realizada pela Defensora da Criança, 283 menores foram presos durante o estado de emergência. O pico de apreensões ocorreu entre 21 e 23 de outubro, período em que ocorreram 84% das prisões.

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"A violação dos direitos humanos por agentes do Estado não pode ser tolerada; É uma situação muito séria que não pode acontecer em nosso país. Esperamos que eles sejam processados com a máxima severidade pelo Ministério Público e que aqueles feitos sejam punidos com o máximo rigor da lei", disse a defensora da Criança, Patricia Muñoz.

Na quarta-feira, o diretor executivo do Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), Sergio Micco, se reuniu com o presidente do Senado, Jaime Quintana (PPD), para abordar os atos de violência policial. Até o momento foram registrados 3.200 detidos relacionados aos protestos e 1.200 feridos, 325 deles com balas de borracha. Segundo Micco, 120 têm lesões oculares.

Apesar das violações, o comandante-chefe das Forças Armadas, general Ricardo Martínez, agradeceu o trabalho prestado durante o estado de emergência e disse “se sentir orgulhoso”, em um e-mail enviado a todos os militares do país.

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No texto, ele lamentou “excessos, saques e incêndios intencionais que danificaram muitos compatriotas” e reconheceu que algumas pessoas foram “afetadas, mas disse que “nunca pretendemos que esses resultados ocorressem”, sem fazer nenhuma referência direta aos mortos. Martínez também garantiu a colaboração com a promotoria e os tribunais de justiça do Chile para o esclarecimento de todos os fatos.