Funcionários do governo dos EUA
confirmaram nesta segunda-feira que o corpo do líder do grupo terrorista Estado Islâmico
, Abu Bakr al-Baghdadi
recebeu um funeral em alto mar, cerca de um dia depois morrer em uma operação militar contra seu esconderijo, na província de Idlib, na Síria.
As fontes ouvidas pela agência Reuters não revelaram, porém, onde ocorreu o funeral, quanto tempo ele durou nem o local onde o corpo foi jogado ao mar. Segundo o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior, os restos mortais de al-Baghdadi receberam o tratamento “apropriado”, de acordo com os “procedimentos operacionais e com as leis sobre conflitos armados”.
Década de terror
Líder do Estado Islâmico do Iraque e, após 2013, Estado Islâmico do Levante e Iraque, al-Baghdadi esteve por trás de uma das maiores e mais violentas insurgências da história recente do Oriente Médio. Em seu auge, em 2014, dominou uma área equivalente ao território da Bulgária, impondo um regime de terror baseado em uma visão extremamente deturpada do Islã.
Além das conquistas em terra, o grupo se responsabilizou por alguns dos maiores atos terroristas depois do 11 de setembro de 2001. Na longa lista aparecem episódios como o ataque contra o Campo Speicher , em 2014, onde mais de 1.500 soldados iraquianos foram massacrados, a explosão de um voo da companhia russa Metrojet, no Egito, com 224 mortos em 2015, e os atentados em Paris , naquele mesmo ano, onde morreram 131 pessoas. A milícia ainda inspirou dezenas de pessoas, conhecidas como “lobos solitários” a agir por conta própria e a causar o maior estrago possível, como nos atentados em Nice em Orlando , ambos em 2016.
Leia também: Quem era Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico morto por forças dos EUA
Al-Baghdadi vivia escondido entre os territórios ocupados pelo grupo no Iraque e Síria, evitando aparições públicas e difundindo suas ideias extremistas através de áudios e vídeos, uma das formas preferidas pelo Estado Islâmico para conseguir novos adeptos. Sobre sua cabeça pairava uma recompensa de US$ 25 milhões e em pelo menos seis ocasiões sua morte foi decretada, apenas para ser desmentida logo depois.
Porém, no último sábado, ocorreu o último capítulo daquela que foi a operação definitiva para atacar o líder do já decadente Estado Islâmico . Após meses de ações de inteligência, o esconderijo dele foi encontrado por agentes americanos há cerca de duas semanas. Depois de algum planejamento, oito helicópteros decolaram de algum lugar no Iraque em direção ao noroeste da Síria, contando com o apoio naval e de aviões de combate. Os militares americanos entraram no complexo em meio ao fogo cruzado, enquanto o homem que defendia a morte de inocentes em nome de uma visão religiosa nociva tentava se esconder em um túnel, ao lado de três filhos. Cercado, ele detonou um colete-bomba , morrendo na hora.
Funeral no mar
Segundo o general Milley, os militares fizeram um teste de DNA no corpo de al-Baghdadi para confirmar sua identidade, além de realizar uma varredura no local em busca de documentos e itens que possam ajudar a explicar o funcionamento do Estado Islâmico e possíveis novas operações. Milley, porém, não quis traçar comparações com o funeral de outro líder terrorista que também foi morto por forças especiais: Osama bin Laden , no Paquistão em 2011.
Leia também: Trump confirma morte de líder do Estado Islâmico: "morreu como um cachorro"
Na época, os militares americanos afirmaram que o corpo do líder da rede terrorista al-Qaeda foi levado até o porta-aviões USS Carl Vinson , onde, segundo os relatos oficiais, foi lavado e coberto em um tecido branco, seguindo os ritos islâmicos para funerais, antes de ser jogado em algum ponto do Oceano Índico. Na época, a decisão foi questionada por autoridades religiosas, dizendo que ela violaria as leis islâmicas ao não enterrá-lo. Por outro lado, a medida foi vista como uma maneira de evitar que o local se tornasse um ponto de adoração por parte de extremistas.
Como o corpo de al-Baghdadi foi literalmente destroçado pela explosão, não se sabe como foram feitos esses rituais, muito embora exista a previsão, nos costumes islâmicos, de que o funeral ocorra mesmo sem a lavagem cerimonial com água.
Vídeo da operação
Sem mencionar os detalhes do funeral do líder do Estado Islâmico, o presidente Donald Trump disse que pode permitir a divulgação de partes do vídeo da operação na Síria. Foram feitas imagens aéreas e de câmeras colocadas nos uniformes dos militares que invadiram o esconderijo. Porém, o general Milley não quis dizer se há mesmo imagens de dentro do local ou mesmo da perseguição a al-Baghdadi.
"Não vou classificar esse vídeo, o que temos, o que não temos, pelo menos por enquanto", disse o general, sem confirmar se os relatos de que o terrorista estava “gemendo e chorando” na hora da captura, feitos por Trump, são verdadeiros.
O presidente, por sinal, divulgou mais um detalhe sobre a operação de sábado. No Twitter, divulgou uma imagem de um cachorro que, segundo ele, perseguiu al-Baghdadi no túnel onde o terrorista tentou se esconder. O general Milley disse que o cão ficou ferido, mas se recupera bem. Por razões de segurança o nome dele não foi divulgado.
Também nesta segunda-feira, os EUA confirmaram a morte de Abu al-Hassan al-Muhajir , considerado o porta-voz do grupo, atingido durante uma operação paralela também na Síria.