A imprensa internacional reagiu de forma mista ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Assembleia Geral da ONU , nesta terça-feira (24), e destacou a defesa que ele fez da soberania na Amazônia e os ataques à esquerda e ao socialismo no passado e no presente do planeta.
Em seu site, a rede britânica BBC
deu uma manchete em separado para Bolsonaro
e sua afirmação de que a Amazônia pertence ao Brasil. Segundo a BBC
, o presidente brasileiro
assumiu um tom “desafiador” ao abordar a questão e criticar o "sensacionalismo" da mídia. Em contraponto, a rede acrescenta no mesmo link reportagem de seu correspondente na
América Latina, Will Grant, no Pará, em que o repórter relata a destruição da floresta do “epicentro da crise”.
O também britânico Guardian
, por sua vez, colocou seu correspondente para a América Latina, Tom Phillips, para acompanhar e comentar o discurso de Bolsonaro em sua cobertura ao vivo da Assembleia Geral. Segundo Phillips, com uma fala “aparentemente escrita por seus assessores mais radicais de extrema direita
”, Bolsonaro ofereceu ao mundo um vislumbre
de “um governo introvertido, obcecado por conspirações e profundamente arrogante” que agora está à frente do país.
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“Alguns tinham esperança de que Bolsonaro adotaria um tom mais conciliador ao se dirigir aos líderes mundiais na ONU pela primeira vez, mas em segundos ficou claro que eles iriam se decepcionar”, escreveu o jornalista do Guardian
, dando como exemplos seu “ataque trumpiano” ao socialismo, as indiretas ao presidente francês Emmanuel Macron
sobre a
Amazônia, e as críticas ao politicamente correto e aos “progressistas ateus”, para “deleite de seus apoiadores pentecostais”. Concluindo, Phillps afirmou que os aplausos protocolares “não deixaram dúvidas de que muitos delegados não podiam esperar para se verem livres do líder do Brasil”.
O ataque de Bolsonaro ao socialismo também ganhou destaque na avaliação do discurso pela Bloomberg
. Segundo a agência, a fala do presidente “cimentou a ruptura da tradição de
multilateralismo do país” com sua agressiva defesa da soberania na Amazônia. Focada em economia, a agência também lembrou o esforço mencionado pelo presidente para a abertura do país antes de voltar a atacar a “ideologia de esquerda” por trás da facada que sofreu durante a campanha no ano passado.
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Já a rede americana CNN
só menciona o discurso de Bolsonaro
brevemente na sua cobertura ao vivo da Assembleia em seu site. Na publicação, a CNN
se limita a reproduzir a frase do
presidente de que “a Amazônia não está sendo devastada nem consumida pelo fogo como a mídia mentirosamente diz” para logo, a espelho da BBC
, oferecer um contexto de reportagem
que fez sobre aumento de 85% nas queimadas na região em agosto.