O governo da República Democrática do Congo anunciou a morte do comandante de uma milícia Hutu , Sylvestre Mudacumura, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra cometidos em um conflito no Congo e que participou ativamente do genocídio em Ruanda , em 1994.
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Sylvestre Mudacumura
liderava a milícia autointitulada Forças Democráticas pela Liberação de Ruanda (FDLR, sigla em francês), formada por outros militares que fugiram de Ruanda
após o genocídio, justamente para evitar serem alvo de processos em cortes locais e internacionais. Criado em 2000, o grupo se estabeleceu no leste do Congo
, inicialmente com o
apoio do então presidente Laurént Kabila, realizando ataques regulares contra forças Tutsis rivais, até mesmo no território de Ruanda.
Além disso, a milícia realiza ataques regulares contra as populações da região, sendo acusada de milhares de homicídios, estupros, mutilações e sequestro de crianças, especialmente entre 2009 e 2010. Essas denúncias foram a base para a acusação contra Sylvestre no Tribunal de Haia.
Segundo um porta-voz do exército do Congo, ele foi morto na província de Kivu do Norte, uma das principais áreas de atuação de milícias armadas no país.
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Para o chanceler de Ruanda , que disse ainda não ter confirmado pessoalmente a morte de Sylvestre, essa é uma “boa notícia” para a paz e segurança na região.
"A FDLR é um movimento genocida que desestabiliza a região há mais de 25 anos e nós notamos um comprometimento renovado e decisivo dos militares do Congo para neutralizar o
grupo", afirmou Olivier Nduhungireh.
A morte de Sylvestre também pode ser considerada mais um golpe contra a milícia, que chegou a ter mais de 20 mil integrantes, mas hoje teria cerca de 3 mil combatentes. Muitos
dos seus comandantes foram presos ou mortos, diminuindo a capacidade de ação do grupo. Mesmo assim, permanecem ativos em algumas áreas específicas, perto da fronteira com
Ruanda.
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Para o governo da República Democrática do Congo
, a morte de Sylvestre também deve pressionar outros líderes da milícia a se entregarem e serem repatriados para Ruanda, onde
devem enfrentar a justiça. Assim como o comandante das Forças Democráticas pela Liberação de Ruanda, muitos também participaram do genocídio de 1994, que deixou 1 milhão de
mortos em questão de meses.