A Rússia considerou ser “inaceitável” discutir uma possível retaliação militar ao ataque contra instalações petrolíferas na Arábia Saudita . Diante de acusações diretas feitas ao governo iraniano e ameaças veladas vindas dos EUA, Moscou disse que tal discurso não ajuda a melhorar a situação regional.
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“Acreditamos ser contraproducente usar o ocorrido para aumentar as tensões em volta do Irã através da conhecida política americana”, afirmou, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores. “Propostas sobre retaliações, que parecem ter sido discutidas em Washington, são ainda mais inaceitáveis.”
No comunicado, os russos ainda condenam o ataque, dizendo rejeitar ações contra alvos não-militares, mas também afirmam que esse é um resultado direto da crise no Iêmen.
A ação vai ser discutida nesta segunda-feira durante uma reunião de cúpula dos líderes da Rússia, Turquia e do Irã em Ancara. O encontro foi inicialmente convocado para que os três países discutissem uma visão conjunta para a Síria, onde há mais divergências que acordos.
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Em uma linha similar, o governo do Catar condenou o incidente de sábado, mas fazendo um apelo para a resolução de conflitos regionais, sem mencionar nominalmente a guerra no Iêmen. O Catar não possui relações diplomáticas com a Arábia Saudita desde 2017, sendo inclusive alvo de um bloqueio econômico por parte de outras monarquias regionais. Segundo Riad, o país dá apoio logístico aos Houthis no Iêmen, e estaria “alinhado” aos interesses do Irã.
O governo de Omã, visto como uma espécie de moderador regional, também condenou o ataque, mas disse que qualquer escalada das tensões é “sem sentido”.
Já o Reino Unido, através do premier Boris Johnson, prestou solidariedade ao governo saudita. Para ele, o ataque foi uma “violação das leis internacionais”, porém sem apontar culpados ou responsabilidades.
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Ainda relacionado ao Iêmen, o governo da Alemanha anunciou hoje que vai estender uma proibição às exportações de armas para a Arábia Saudita, em vigor desde outubro do ano passado. Inicialmente adotada como resposta ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, a medida foi ampliada nos últimos meses, agora com a intenção de evitar que os armamentos alemães sejam usados pela coalizão, liderada pelos sauditas, que há quatro anos trava uma guerra contra os rebeldes Houthis. Nas palavras da Human Rights Watch, o conflito transformou o país em uma “zona de catástrofe humanitária”.