Relatório deixou em aberto se Trump deveria ser ou não investigado
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Relatório deixou em aberto se Trump deveria ser ou não investigado

O ex-procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação sobre a interferência russa na eleição americana de 2016, reiterou nesta quarta-feira (24) ao Congresso dos Estados Unidos que não inocentou o presidente Donald Trump da acusação de ter tentado obstruir a Justiça no caso.

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É a primeira vez que Mueller é questionado publicamente sobre seu relatório, entregue no final de março, no qual deixou em aberto se Trump deveria ser formalmente investigado por  suposta tentativa de obstrução de Justiça, mas disse não ter encontrado provas de concluio entre a campanha eleitoral do atual presidente e agentes russos.

 "O presidente não foi inocentado dos atos que ele supostamente cometeu", disse Mueller aos deputados das Comissões de Justiça e Inteligência da Câmara, responsáveis por sua sabatina. Ele enfatizou a importância de sua investigação sobre o papel da Rússia na eleição. "Ao longo da minha carreira, vi vários desafios à nossa democracia. O esforço do governo russo para interferir em nossa eleição está entre os mais sérios", afirmou.

Mueller disse aos integrantes das comissões da Câmara que se recusaria a responder a perguntas sobre as origens da investigação do FBI sobre a interferência russa. Também afirmou que não comentaria as ações de William Barr, o secretário de Justiça de Trump, que recebeu seu relatório de 448 páginas, boa parte das quais continuam em segredo de Justiça, e divulgou um resumo público das conclusões do ex-procurador especial.

"Ao escrever o relatório, apresentamos os resultados da nossa investigação com precisão. Nós examinamos cada palavra. Não pretendo resumir ou descrever os resultados do nosso trabalho de maneira diferente no decorrer do meu testemunho hoje", disse Mueller aos deputados.

O ex-procurador-geral está acompanhado de Aaron Zebley, um assessor que atua como seu advogado. A ação provocou a ira de Trump, que disse no Twitter que "nunca houve acordo para que Robert Mueller pudesse usar um de seus muitos advogados pró-democratas para se sentar ao seu lado e ajudá-lo nas respostas.

Jerrold Nadler, o deputado democrata que preside a Comissão de Justiça, elogiou Mueller como "um modelo de responsabilidade" e sugeriu um processo de impeachment contra Trump, mesmo evitando usar a palavra.

"Temos a responsabilidade de tratar das provas que você trouxe à tona. Você reconheceu isso quando disse que "a Constituição exige que um processo diferente do sistema de Justiça criminal acuse formalmente um presidente em exercício de irregularidades". Esse processo começa com o trabalho desta comissão", disse Nadler.

Doug Collins, o principal republicano na Comissão, insistiu em ressaltar a parte do relatório que livra o presidente da acusação de conspiração com os russos. "O presidente não conspirou com os russos. Nada do que ouvimos hoje mudará esses fatos". 

O relatório da investigação concluída em março divide-se em duas partes. A primeira aborda a interferência da Rússia na eleição americana de 2016. Apesar de concluir que houve esforços de Moscou para influenciar os resultados favorecendo Trump, por meio da disseminação de desinformação em redes sociais e da invasão de computadores de pessoas ligadas à candidata democrata, Hillary Clinton, a investigação não descobriu que nenhum americano ou funcionário da campanha republicana conspirou com a Rússia.

A segunda parte do relatório trata de possível obstrução de Justiça por parte de Trump. A investigação não concluiu se a conduta examinada constituía uma obstrução. Em vez disso, para cada uma das ações relevantes investigadas, o relatório expõe evidência de ambos os lados, deixando indagações não resolvidas, descrevendo-as como “questões difíceis” de Direito.

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Na época, Mueller não recomendou qualquer tipo de ação, e o Departamento de Justiça decidiu que não há provas no relatório que justifiquem a abertura de um processo contra Trump. Posteriormente, em um breve pronunciamento que fez sobre o relatório, no qual não respondeu a perguntas da imprensa, Mueller sugeriu, como lembrou nesta quarta o deputado Nadler, que cabe ao Congresso, e não à Justiça, abrir uma investigação sobre um presidente em exercício.

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