O parlamentar britânico Boris Johnson, um dos principais líderes da campanha do Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia), confirmou que vai concorrer ao cargo de primeiro-ministro após a renúncia de Theresa May, anunciada na manhã de hoje (24).
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Em discurso durante conferência na Suíça, horas depois de May afirmar que deixará o cargo em junho, Johnson se dirigiu à premiê, dizendo que ela foi "paciente e estoica" ao enfrentar todas as dificuldades relacionadas à saída do Reino Unido da União Europeia.
O próximo premiê britânico também pode recuperar as negociações estagnadas com a UE sobre um acordo para o Brexit, afirmou Johnson.
"Um novo líder terá a oportunidade de fazer as coisas de modo diferente e ter o ímpeto de uma nova administração", acrescentou.
Entenda a queda de Theresa May
Depois de meses de impasse provocado pela saída do Reino Unido da União Europeia , a primeira-ministra britânica, Theresa May , anunciou nesta sexta-feira que deixará o cargo para que o Partido Conservador possa escolher um novo líder que será responsável por concretizar o Brexit , algo que ela não conseguiu fazer.
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Na terça-feira, May apresentou um plano de "última chance" para tentar recuperar o controle do processo de Brexit, incluindo um segundo referendo. A tentativa foi em vão: o texto foi mais uma vez alvo de críticas, tanto da parte da oposição trabalhista quanto pelos eurocéticos do seu partido, resultando assim na renúncia , na quarta-feira, de sua ministra das Relações com o Parlamento, Andrea Leadsom.
O projeto de lei, que Theresa May deveria fazer votar na semana de 3 de junho, não foi incluído no programa legislativo anunciado ontem pelo governo aos deputados.
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O plano previa uma série de compromissos, incluindo, além da possibilidade de votar num segundo referendo, a continuação de uma união aduaneira temporária com a UE, numa tentativa de reunir a maioria dos deputados.
Mas, deixando de lado algumas promessas feitas no início do processo, Theresa May enfureceu os eurocéticos do seu campo, enquanto a saída de Andrea Leadson acabou de vez com a autoridade de May, que viu partir cerca de trinta membros de seu governo ao longo dos meses.
A tarefa de desfazer mais de 40 anos de laços com a UE não era fácil, ressalta Simon Usherwood, cientista político da Universidade de Surrey, entrevistado pela AFP.
"Tentei três vezes, não fui capaz", ela afirmou, em referência a suas tentativas de fazer o Parlamento aprovar o acordo de saída da União Europeia, em pronunciamento gravado em frente à sua residência oficial em Londres, o número 10 de Downing Street.
May deverá permanecer no cargo até 7 de junho.
"Acreditei que era correto perseverar, inclusive quando as possibilidades de fracassar pareciam elevadas, mas agora me parece claro que, para o interesse do país, é melhor que um novo primeiro-ministro lidere este esforço", afirmou em um discurso para a imprensa.
Sua voz falhou quando terminou sua breve declaração proclamando seu "amor" por seu país, antes de virar as costas para as câmeras e voltar para casa.
May continuará no cargo para receber o presidente dos Estados Unidos, que realizará uma visita de Estado ao Reino Unido de 3 a 5 de junho.
O mandato de Theresa May, cheio de adversidades, críticas e até mesmo conspiração dentro de seu próprio partido, entrará para a História como um dos mais curtos na Grã-Bretanha desde a Segunda Guerra Mundial.
Boris Johnson é considerado um dos grandes favoritos para assumir a vaga de May.