Um novo tipo de "contrabando" tem crescido rapidamente nas redes sociais, principalmente no Facebook: a venda de relíquias históricas. Roubados em zonas de conflito no Oriente Médio, como a Síria, os artefatos são negociados livremente em grupos especializados, sendo até, em algumas oportunidades, encomendados pelos possíveis compradores.
Leia também: Com agenda incerta, encontro com Bush é "ponto alto" da ida de Bolsonaro aos EUA
Segundo Amr Al-Azm, professor de história do Oriente Médio e antropologia da Universidade de Shawnee State, localizada no estado de Ohio (EUA), este grupos surgiram após a "primavera árabe" e são alimentados por traficantes internacionais, que descobriram no roubo de relíquias um nicho de negócio bastante rentável.
Al-Azm vem monitorando este tipo de atividade há algum tempo junto com os colegas do projeto Athar e revela que até mesmo alguns integrantes do Estado Islâmico estão entre os ladrões.
"Eles roubam as peças diretamente dos locais atingidos pelos bombardeios e nunca são vistos. As únicas evidências que temos de que este tipo de ação tem ocorrido é quando surge alguma foto eventual nas redes sociais", revelou Al-Azm, em entrevista ao jornal New York Times.
O doutor revelou que a falta de barreiras dentro das redes sociais é o principal problema do combate a este tipo de roubo. Sem dificuldades, os traficantes conseguem negociar as relíquias no mercado negro e não são barrados por qualquer tipo de segurança virtual por parte do Facebook. Além das negociações, os grupos costumam ter instruções aos "novatos" de como realizar os saques.
Resposta do Facebook
Após a publicação de um estudo do projeto Athar , detalhando a forma de atuação dos ladrões e das negociações, o Facebook revelou que excluiu cerca de 50 grupos que negociavam as relíquias. Porém, Al-Azm afirmou que outros 90 seguem ativos.
Leia também: Após reabertura da fronteira, 893 venezuelanos entraram no Brasil
Para ele, a atitude dos responsáveis pela rede social é ineficiente, uma vez que a simples exclusão de um grupo não é efetiva e ainda elimina provas para possíveis acusações e inquéritos futuros.
Em nota, o Facebook afirmou que continuará investindo em tecnologias e treinamentos para evitar que atividades ilegais sejam realizadas dentro da rede social e encorajar as pessoas a denunciarem suspeitas de violação das regras de comunidade da empresa.
Forma de atuação
Apesar de ilegal em todo o Oriente Médio , o tráfico de antiquidades é muito difícil de ser combatido, principalmente pelo fato de que os saqueadores contam com a ajuda de moradores da região para realizar os roubos.
Integrantes do Estado Islâmico que realizam este tipo de atividade inclusive incentivam as pessoas a participarem das buscas por relíquias e tesouros históricos, impondo uma taxa de 20% sobre os ganhos de tudo o que é encontrado.
De acordo com a publicação, imagens de satélites mostram que área na Síria, no Iraque, no Egito, Tunísia e Líbia já sofreram com os ataques dos ladrões. "É uma situação de oferta e procura. Enquanto houver pessoas interessadas em comprar as relíquias , haverá quem esteja disposto a roubá-las", salientou Al-Azm.
Leia também: Tromba-d'água assusta moradores da Singapura; Assista ao vídeo