Donald Trump, Angela Merkel, Emmanuel Macron, Jair Bolsonaro, Vladimir Putin, Justin Trudeau, Mauricio Macri, Nicolás Maduro. Completamente diferentes entre si, esses chefes de estado tem algo em comum: todos são alvo de duras críticas de uma parcela considerável de seus povos e da comunidade internacional.
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Em tempos tão divisivos politicamente, o pequeno Butão, localizado entre a China e a Índia, vai na contramão no mundo. No país de apenas 700 mil habitantes, o monarca Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, conhecido como Rei Dragão , é respeitado e reverenciado quase que universalmente. Na nação asiática, todos os reis ganham o nome de "dragão", uma vez que, na língua local, os butanêses são conhecidos como o "povo dragão".
Diferente de monarcas absolutistas do passado ou de alguns ditadores, a admiração do povo butanês pelo seu comandante não se dá pelo medo, pela crença religiosa ou mesmo por ideologia. Suas maiores bandeira como comandante do povo butanês são a distribuição de riquezas da coroa e a implementação da democracia. Além disso, o Rei Dragão coloca como prioridade para a nação a felicidade do povo e não o crescimento econômico. Conheça mais sobre o líder mais popular da atualidade.
Monarquia pela democracia
O processo de democratização do Butão começou antes de Jigme Khesar Namgyel Wangchuck assumir o trono. Dar mais poder ao povo foi a maior plataforma do reinado de seu pai, Jigme Singye Wangchuck, o quarto Rei Dragão, que abdicou do trono em 2006 em favor do filho, que foi coroado dois anos depois.
Progressista, apesar de ainda apegado às tradições budistas, o quarto Rei Dragão foi o responsável por acabar com leis que seriam consideradas abusurdas no ocidente: em 1999, por exemplo, ele liberou a compra de rádio e televisões para o povo butanês.
Ele também passou a maior parte dos poderes administrativos da coroa para o parlamento, que é escolhido de forma democrática. O Butão é o único país do mundo onde o rei pode sofrer impeachment por meios legais, caso dois terços do parlamento votem pela retirada do monarca.
Desde que assumiu a coroa, Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, tem seguido na mesma linha do antecessor, dando cada vez mais poder ao primeiro ministro e ao resto do parlamento. "A melhor maneira de mudar um sistema político é quando a nação está em um período estável. Por que esperar uma revolução?", questionou o monarca em seu discurso de posse. Em época de eleições, o chefe de estado viaja pelo país para incentivar o voto popular.
Relacionamento com o povo
Quando coroado em 2008, o Rei Dragão fez uma promessa ousada: ele disse que, durante seu reinado, pretendia conversar com cada um dos mais de 600 mil cidadãos do Butão. Qualquer cidadão butanês é bem vindo no palácio real. Além disso, Wangchuck faz passeios em seu carro pelas ruas do país para que as pessoas o parem para conversar, fazer reivindicações, pedidos ou apenas tirar fotos.
Outra forma de entrar em contato com o monarca é através de cartas. O governo distribuiu algumas caixas do correio pelas cidades onde as pessoas podem enviar correspondências para a coroa fazendo pedidos.
Um dos objetivos do rei é diminuir as riquezas do coroa e distribuí-las ao povo. Por meio da leitura de cartas, o governo do Butão já concedeu terras, máquinas para agricultura, e até dinheiro para os seus súditos. O país também conta com educação e saúde pública universal. O governo também utiliza riquezas da coroa para pagar bolsas de estudos para jovens em outros países.
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"No meu reinado, eu não vou comandá-los como um monarca. Eu vou proteger vocês como um pai, me importar com vocês como um irmão e serví-los como um filho", disse Wangchuck no dia de sua coroação.
O rei também faz visitas frequentes a escolas e hospitais públicos para se certificar que as coisas estão funcionando. Ele já foi "flagrado" em escolas públicas cozinhando para os estudantes. Entusiasta da comunicação e da educação, ele também vai aos vilarejos mais pobres do país para distribuir rádios e televisores.
Em seu casamento com a agora rainha Jetsun Pema, o monarca optou por convidar, ao invés de líderes internacionais, representantes de vários vilarejos de seu país, para celebrar a união com o seu povo. Pema, que era plebeia, namorava com o rei desde a adolescência.
No dia de seu aniversário, que é feriado nacional, o monarca optou por cancelar a festa e passar a data com crianças doentes em um hospital. Já no dia do nascimento de seu primeiro filho, o Rei Dragão se juntou ao seu povo para plantar 108 mil árvores pelo Butão.
Popularidade internacional
Se a família real butanesa é querida por seu povo, o quinto Rei Dragão também é popular fora de seus domínios. Após suas visitas internacionais para países como Tailândia, Indonésia, Índia e Japão, o Butão registrou um aumento no turismo vindo dos respectivos países.
Ele também foi o responsável por melhorar as relações comerciais do país do Índia e China. Bem educado e culto, o rei butanês se formou em Oxford e fala inglês fluentemente. Seu carisma o tornou extramemente popular entre os chefes de estado asiáticos.
País mais feliz do mundo
O índice de Felicidade Interna Bruta (GNH) é, possivelmente, a maior contribuição do Butão para o mundo moderno. Ele foi criado pelo quarto Rei Dragão, Jigme Singye Wangchuck, pai do atual chefe de estado em 1972. Criticado pela comunidade internacional pelo fraco crescimento econômico do país, o monarca disse que não queria medir o sucesso de sua nação pela economia, mas pela felicidade de seu povo.
Após a fala, o índice criado no Butão foi desenvolvido nacionalmente e internacionalmente e é utilizado por diversas nações do mundo hoje, com o pequeno país asiático sempre ocupando as primeiras colocações. De acordo com Jigme Singye Wangchuck, o país deveria crescer de acordo com a cultura de seu povo e os valores budistas.
O atual Rei Dragão também se utiliza do índice pouco ortodoxo. Em um estudo de 2015, 91,2% da população do Butão declarou estar "muito feliz", apesar do país ter apenas o 161º maior PIB do mundo entre as 186 nações da lista. Por isso, o reino comandado pelo Rei Dragão é conhecido como o país mais feliz do mundo.