A primeira-ministra britânica, Theresa May, aumentou as pressões sobre o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para que ele aceite um acordo interpartidário de saída do Reino Unido da União Europeia. Abaladas pelo impasse nas negociações do Brexit, as legendas obtiveram fracos resultados nas eleições locais de quinta-feira (2).

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'Vamos deixar as diferenças de lado por um momento. Vamos fazer um acordo', escreveu May neste domingo (5)
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'Vamos deixar as diferenças de lado por um momento. Vamos fazer um acordo', escreveu May neste domingo (5)

As partes negociam há mais de um mês um acordo do Brexit que pode garantir apoio majoritário no Parlamento, depois que o governo minoritário de Theresa May saiu derrotado três vezes na Casa, deixou o país à deriva e forçou o adiamento da saída do bloco europeu.

"Ao líder da oposição, digo isto: vamos ouvir o que os eleitores disseram nas eleições locais e deixar as diferenças de lado por um momento. Vamos fazer um acordo", escreveu ela no jornal Mail , neste domingo (5).

Os trabalhistas responderam que qualquer acordo deveria ser feito rapidamente, mas acusaram May de vazar detalhes do acordo em discussão e pôr em risco as negociações. Os conservadores perderam mais de mil assentos em conselhos locais ingleses que estavam em processo de reeleição, e o Partido Trabalhista — que normalmente teria como objetivo obter centenas de cadeiras, em uma votação pintermediária — perdeu 81.

As negociações com os trabalhistas são um último recurso para May, cujas divisões profundas do partido sobre o Brexit até agora impediram que ela conseguisse aprovação para um acordo com a UE e submeteu a quinta maior economia do mundo a um limbo político prolongado.

O jornal Sunday Times informou que os conservadores ofereceriam novas concessões ao Partido Trabalhista quando as negociações recomeçassem na terça-feira (30), incluindo uma união aduaneira temporária com a UE até a eleição nacional, que deve ocorrer em junho de 2022.

Corbyn fez da união aduaneira permanente com a UE uma condição para apoiar os planos Brexit de May, enquanto a maioria dos conservadores se opõe a esta estrutura, por considerar que ela impediria o Reino Unido de alcançar seus próprios acordos comerciais com outros países.

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Risco às negociações

Thereza May durante leitura do novo texto do Brexit no Parlamento do Reino Unido
Reprodução/UK Prime Minister
Thereza May durante leitura do novo texto do Brexit no Parlamento do Reino Unido

As reportagens sobre os termos de um possível compromisso irritaram John McDonnell, principal aliado de Corbyn, que supervisiona a política financeira do partido e esteve envolvido nas negociações do Brexit. Perguntado se ele confiava na primeira-ministra, McDonnell disse que não.

"Não depois deste fim de semana quando ela explodiu a confidencialidade... Eu realmente acho que ela está arriscando as negociações para sua própria proteção pessoal". No entanto, McDonnell disse que as negociações continuariam esta semana e que, se um acordo ainda pode ser feito, deve ser concluído rapidamente.

Mesmo assim, a aprovação parlamentar — exigida por lei — não é direta. Um acerto sobre união aduaneira incomodaria os membros mais pró-Brexit do Partido Conservador, que alegam ser esta estrutura comercial uma ofensa ao voto popular que decidiu pelo Brexit, durante referendo de 2016.

O parlamentar eurocético John Redwood tuitou no domingo que um acordo entre partidos que significasse permanecer na UE era "a última coisa de que precisamos".

Do outro lado da divisão sobre o Brexit, o jornal Observer informou que dezenas de parlamentares trabalhistas haviam escrito para Theresa May e Corbyn para insistir em um segundo referendo Brexit sobre qualquer acordo fechado.

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Uma união aduaneira temporária também suscitaria preocupações da União Europeia sobre possíveis verificações de alfândega na fronteira entre a Irlanda, membro da zona do euro, e a província do Norte da Irlanda, caso a estrutura comercial depois ruísse.

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