Sérgio Moro disse que há uma “dificuldade institucional” em Portugal em fazer avançar processos como o do ex-premier
Wilson Dias/Agência Brasil
Sérgio Moro disse que há uma “dificuldade institucional” em Portugal em fazer avançar processos como o do ex-premier

O ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates rebateu nesta segunda-feira (22) uma crítica do ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao sistema judiciário português. Segundo o ex-premier, o Brasil está vivendo “uma desonesta instrumentalização do seu sistema judicial ao serviço de um determinado e concreto interesse político”.

Para José Sócrates, isto “é o que acontece quando um ativista político atua disfarçado de juiz”. A declaração do português ocorreu após o ex-juiz brasileiro afirmar, durante o VII Fórum Jurídico de Lisboa , que há uma “dificuldade institucional” em Portugal em fazer avançar processos como o do ex-premier.

Em nota enviada a Agência Lusa, Sócrates atacou diversas decisões de Moro quando era juiz. Em parte da nota, o ex-premier classificou como “ilegal” o episódio em que Moro  retirou o sigilo de uma gravação telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff e o seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.

“O juiz decide, ilegalmente, entregar a gravação à rede de televisão Globo, que a divulga nesse mesmo dia, o juiz condena o antigo presidente [Lula] por corrupção em atos indeterminados, o juiz prende o ex- presidente antes de a sentença transitar em julgado, violando frontalmente a constituição brasileira. O juiz, em gozo de férias e sem jurisdição no caso, age ilegalmente para impedir que a decisão de um desembargador que decidiu pela libertação de Lula seja cumprida”, afirmou Sócrates.

O ex-primeiro-ministro português lembrou ainda da tentativa de Lula de ser candidato à Presidência do Brasil no ano passado. Na ocasião o ex-presidente petista conseguiu uma liminar do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro de candidatura por conta da Lei da Ficha Limpa.

“Mas as instituições brasileiras recusam [a liminar do comitê da ONU], violando assim o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos que o Brasil livremente subscreveu. No final, o juiz obtém o seu prêmio: É nomeado ministro da justiça pelo presidente eleito [Jair Bolsonaro] e principal beneficiário das decisões de condenar, prender e impedir a candidatura de Lula da Silva”, acrescentou José Sócrates.

Na nota, o ex-premier ainda classifica a Operação Lava Jato de “espetáculo bastante sinistro”. José Sócrates já esteve em prisão preventiva por cerca de nove meses. Ele é acusado de crimes de corrupção, no âmbito da Operação Marquês, num processo que se arrasta há anos nos tribunais portugueses.

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