O chefe do comitê judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Jerrold Nadler, anunciou neste domingo (3) que o órgão vai investigar supostos abuso de poder e obstrução de justiça por parte do presidente norte-americano, Donald Trump. As informações foram divulgadas pela agência Reuters e pela rede de televisão ABC News .
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Em entrevista à ABC, Nadler afirmou que o comitê vai requerer documentos de integrantes do Departamento de Justiça dos EUA, da Casa Branca, do filho de Trump , Donald Trump Jr., e de Allen Weisselberg, executivo financeiro das Organizações Trump. Outras 60 pessoas também deverão fornecer documentos ao órgão.
"Nós vamos iniciar investigações sobre abuso de poder, corrupção e obstrução de justiça. É nosso papel proteger o estado de direito. Está muito claro que o presidente obstruiu a justiça", afirmou Nadler.
Durante a entrevista, porém, o chefe do comitê ponderou que ainda é cedo demais para dizer se existe a possibilidade de Trump ser afastado da Presidência. "Antes de alguém sofrer um impeachment , é preciso persuadir a opinião pública de que isso realmente precisa acontecer", disse Nadler.
Como prova de que Trump realmente obstruiu a Justiça, o chefe do comitê citou a decisão do presidente de demitir James Comey, diretor do FBI, na época em que Comey investigava interferências da Rússia que teriam beneficiado Trump nas eleições presidenciais de 2016. O caso foi assumido por pelo conselheiro especial Robert Mueller.
A investigação já dura um ano e meio e levou, até o momento, a acusações contra 32 pessoas. Essas acusações já renderam seis alegações de culpa e três condenações à prisão, incluindo de pessoas que colaboraram com a equipe de Mueller. Outras três empresas russas respondem por ataques de hackers a computadores do Partido Democrata e crimes financeiros.
Na quarta-feira (27) , em depoimento, o antigo advogado de Trump, Michael Cohen, corroborou com a suspeita de que o presidente norte-americano sabia da atuação russa nas eleições presidenciais. Segundo Cohen, Trump se aproveitou de informações privilegiadas contidas em e-mails do Partido Democrata para afetar Hillary Clinton, sua rival no pleito.
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No dia seguinte, Trump
rebateu o testemunho de Cohen dizendo que o ex-advogado "mentiu muito". Em janeiro deste ano, o atual advogado de Trump, Rudolph Giuliani, negou que os russos tenham se envolvido na campanha eleitoral de 2016. Ele não descartou, porém, que pessoas que tenham trabalhado para o presidente antes das eleições possam ter colaborado com a Rússia de alguma forma.