Dois bombardeiros russos pousaram, nesta segunda-feira (10), em solo venezuelano, a fim de realizar testes militares conjuntos. A situação causa apreensão para a possibilidade de se ter início a uma corrida armamentista na América do Sul.
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O Aeroporto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar, nos arredores de Caracas, foi o local escolhido pela Rússia para realizar o pouso de quatro aeronaves – entre elas, dois bombardeiros estratégicos Tupolev 160 (Tu-160) capazes de transportar armas nucleares. Além dos aviões, mais de cem funcionários do governo russo também viajaram à Venezuela
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Diante de uma crise humanitária no país, a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, com o objetivo de derrubar o governo de Nicolás Maduro, veio à tona no cenário internacional. Neste domingo (9), o presidente se posicionou contra o país norte-americano afirmando que a Casa Branca estaria coordenando uma tentativa de golpe de Estado contra o governo “constitucional, democrático e livre do país”.
O momento é, dessa forma, o mais oportuno para a Venezuela – e principalmente, para Maduro – receber apoio da Rússia , ação que já vem acontecendo há um tempo. Na última semana, durante visita do presidente venezuelano a Vladimir Putin, em Moscou, Maduro pediu ajuda financeira para conter a crise econômica que assola o país.
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Para Vladimir Padrino López, ministro da Defesa da Venezuela, os exercícios militares conjuntos poderão favorecer a troca de experiências do país com o Exército russo. "Estamos nos preparando para defender a Venezuela até o último momento caso for necessário”, afirmou o ministro durante cerimônia de boas-vindas às aeronaves.
Padrino ainda frisou as relações respeitosas e equilibradas que a Venezuela mantém com seus aliados e explicou que a presença dos aviões no país não devem ser temidas, já que se trata apenas de uma questão de logística. “Somos construtores da paz, e não da guerra”.
Já o embaixador da Rússia na Venezuela, Vladimir Zaemskiy, explicou que a aliança veio se desenvolvendo de maneira “frutífera” ao longo dos anos e que se trata de uma cooperação militar-técnica.
Apesar das tentativas da Venezuela de acalmar aqueles que se sentiram ameaçados pela presença dos bombardeiros , a ação foi criticada pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo. “Os povos russo e venezuelano devem ver isto pelo que é: dois governos corruptos desperdiçando dinheiro público, suprimindo liberdades enquanto seus povos sofrem”.
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A Venezuela não é o primeiro país da América do Sul a construir laços militares e aumentar as tensões geopolíticas no continente. Em junho, a Colômbia foi aceita na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), tornando-se ‘sócio global’ e sendo o primeiro país latino-americano a fazer acordo com a aliança militar do Ocidente.