A revista Time, relevante publicação norte-americana, divulgou, nesta terça-feira (11), as escolhas a respeito da personalidade do ano de 2018. Os vencedores foram os jornalistas que foram assassinados durante o ano ou que estão em clara situação de risco. A figura mundialmente conhecida que representa a escolha é o jornalista saudita Jamal Khashoggi.
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Khashoggi foi torturado e morto pela monarquia da Arábia Saudita no consulado do país em Istambul. Ele, assim como os demais jornalistas homenageados pela revista Time , foi citado como um "guardião" da informação, na "guerra contra a verdade".
Também figuram na lista os birmaneses Wa Lone e Kyaw Soe Oo, condenados a sete anos de prisão em Myanmar por revelarem as perseguições do Exército contra a minoria muçulmana rohingya.
Maria Ressa, co-fundadora do site de notícias Rappler, também está na lista de escolhidos. Ela cobriu implacavelmente a brutal guerra às drogas protagonizada pelo presidente filipino Rodrigo Duterte. Hoje, Ressa é acusada de publicar " fake news " e pode ser condenada a 10 anos de prisão por fraude fiscal, nas Filipinas. A acusação é vista como uma tentativa de repressão.
Também foi lembrada a redação do jornal norte-americano Capital Gazette
, palco de um tiroteio com cinco mortos em junho. O autor do crime, Jarrod Ramos, perseguia o diário por causa de uma matéria sobre uma condenação por stalking.
"Estudando as opções para 2018, nos pareceu claramente que a manipulação e o abuso da verdade foram o denominador comum de tantas das grandes histórias do ano", disse o diretor da revista, Edward Felsenthal.
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No texto que acompanha a divulgação dos nomes, a publicação lembra que "os homens fortes do mundo só parecem fortes", afinal "todos os déspotas vivem com medo do seu povo". A declaração é dada em referência às duras censuras às quais uma série de publicações sofreram em 2018. Isso porque, neste ano, além da perseguição aos jornalistas, foi constante a indagação sobre a credibilidade do trabalho da imprensa em todo o mundo.
"Este deveria ser um momento em que a democracia avançaria, perante a uma cidadania informada sendo essencial para o autogoverno. Em vez disso, [a democracia] está em retirada", diz a publicação. "Três décadas após a derrota da Guerra Fria, uma marca mais inteligente se alimenta da escuridão que nos cerca", continua.
"O déspota da velha escola adotou a censura . O déspota moderno, achando isso mais difícil, fomenta a desconfiança de um fato crível, prospera na confusão solta pelas mídias sociais", afirma, em alusão às notícias falsas que vêm sendo compartilhadas nas redes sociais, enquanto jornalistas seguem sendo perseguidos por um trabalho íntegro de investigação ao redor do mundo.
Tocando nesse assunto a revista cita o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem criticando a imprensa desde a sua campanha presidencial. Ele mesmo, porém, é o segundo colocado na lista das personalidades do ano da revista Time . O presidente eleito, Jair Bolsonaro, também estava na disputa , mas não alcançou uma posição relevante no ranking.
* Com informações da Agência Ansa.