Um grupo de arqueólogos da Câmara Municipal de Cascais, em Portugal, encontrou um navio que sofreu um naufrágio há 400 anos. De acordo com informações do jornal Correio da Manhã, no começo do mês, mergulhadores exploravam a região de ilhéu do Bugio, onde o rio Tejo encontra o oceano, quando encontraram a embarcação, que afundou entre 1575 e 1625 ao retornar da Índia.
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Os vestígios do naufrágio estavam a 12 metros de profundidade e cobrem cerca de 100 metros de comprimento por 50 metros de largura. O feito foi considerado a “descoberta do século” e faz parte do Projeto da Carta Arqueológica Subaquática de Cascais (ProCASC), que tem como principal objetivo conseguir o maior número de informações históricas possível por meio de buscas no fundo do mar.
O navio naufragado está em bom estado de conservação e, segundo divulgado pela Câmara de Cascais, será avaliado por arqueólogos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Centro de Investigação da Escola Naval. Os especialistas pretendem conseguir datas mais exatas da embarcação antes de transformar a nau em um “campo-escola” para a formação de arqueólogos.
Até o momento, já foram realizados registros fotogramétricos da embarcação e um levantamento com equipamentos da geofísica. Ambos possibilitaram a “primeira radiografia” dos vestígios. Diversos objetos foram localizados na região, dentre eles, fragmentos de pratos da época Wanli (1573-1619), peças de artilharia em bronze e especiarias e conchas cauri, que eram usadas como moedas no tráfico de escravos.
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Importância do navio para a história de Portugal
“Isso nos diz muito sobre a história marítima e identidade de Cascais”, disse Jorge Freire, diretor do ProCASC de Portugal , para o britânico The Guardian. “É como se estivéssemos dizendo para a população local: esse é uma grande descoberta que se baseia na embarcação e nos seus artefatos, que podem nos dizer muito sobre nossa cultura”.
Carlos Carreiras, prefeito da cidade, disse que, por mais que a embarcação não tenha sido identificada, ela é uma das descobertas arqueológicas mais significativas dessa década.
“É uma descoberta extraordinária que nos permite saber mais da nossa história, reforçar nossa identidade coletiva e valores compartilhados”, disse. “Além disso, isso fará de nós mais atrativos e competitivos”.
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A nau foi encontrada 24 anos após a descoberta do navio de Nossa Senhora dos Mártires, que fazia a mesma rota e foi vítima de um naufrágio em Lisboa em 1606. Dessa vez, a embarcação em questão está em melhor estado estrutural do que a primeira.