Entre agosto e dezembro de 2017, mais de 700 mil rohingya tiveram que fugir de Mianmar por causa de perseguição
Reprodução/Times of India
Entre agosto e dezembro de 2017, mais de 700 mil rohingya tiveram que fugir de Mianmar por causa de perseguição

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) definiu que os líderes militares de Mianmar devem ser investigados por “intenção genocida” contra os rohingya, minoria muçulmana do país. De acordo com a BBC , o comandante das forças armadas Min Aung Hlaing e outros militares devem ser investigados e julgados por genocídio, crime contra a humanidade e crime de guerra.

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A decisão da ONU foi divulgada nesta segunda-feira (27) após uma série de entrevistas. Além de Hlaing, outros cinco militares do alto escalão de Mianmar serão julgados, e a líder política Aung San Suu Kyi, vencedora de um Nobel da Paz, foi criticada porque “não usou sua posição de chefe do governo de fato, nem sua autoridade moral, para impedir os eventos em curso no estado de Rakhine”.

Por causa de ofensivas do exército contra ataques a postos policiais cometidos por alguns rebeldes muçulmanos, mais de 700 mil rohingyas foram obrigados a fugir do país entre os meses de agosto de dezembro de 2017. A perseguição ocorreu principalmente no estado de Rakhine, no oeste, e também se estendeu para as regiões de Kachin e de Shan.

"Os crimes cometidos no estado de Rakhine e a maneira como foram perpetrados são de similares em natureza, gravidade e alcance aos que permitiram estabelecer um genocídio intencional em outros contextos", disse a ONU. A organização ainda explicou que as autoridades civis do país se omitiram diante a situação, o que contribuiu para que os crimes ocorressem.

O governo contesta as acusações internacionais e diz que suas operações tinham como único alvo as ameaças e militantes. Por outro lado, o relatório escreve que “os crimes documentados são chocantes pelo nível de negligência, normalidade e impunidade que lhe são atribuídas”.

Rohingyas em Mianmar: uma das etnias mais perseguidas do mundo

Considerados imigrantes ilegais de Bangladesh, os rohingyas sofrem perseguição do governo de Mianmar
Creative Commons/Mahmood Hosseini
Considerados imigrantes ilegais de Bangladesh, os rohingyas sofrem perseguição do governo de Mianmar

Por volta de 1 milhão de rohingyas vivem no país, que tem maioria religiosa budista. Além disso, 68% dos habitantes são da etnia bamar.

Historicamente, os royingya são considerados imigrantes ilegais de Bangladesh e, por isso, não têm direito à cidadania e sofrem discriminação, por exemplo, no acesso ao sistema público de educação ou mesmo em empregos no funcionalismo público.

De acordo com a ONU, os rohinngya são um dos povos que  mais sofrem perseguição no mundo . As tensões étnico-religiosas datam do golpe militar de 1962, mas explodiram a partir de 1982, com o decreto presidencial que criou as "oito etnias oficiais" do país, que, além de excluir os rohingya, confinou a minoria à região de Rakhine.

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Além disso, Mianmar  esteve 50 anos sob uma ditadura militar, mas hoje vive em uma dita democracia. Com esse êxodo para o vizinho Bangladesh, despertaram-se acusações de graves violações de direitos humanos por parte da ONU.

*Com informações da Agência Ansa

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