
Para o governo brasileiro, são “extremamente insuficientes” as informações prestadas pelo governo nicaraguense para a morte da estudante brasileira Raynéia Lima, assassinada no país caribenho no dia 23 de julho. Um dia após a morte da jovem, o ministério das Relações Exteriores do Brasil cobrou explicação da Nicarágua sobre o caso.
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“As informações entregues até agora são extremamente insuficientes. A informação repassada pelo governo da Nicarágua é que (o autor do disparo) foi um segurança privado", disse o ministro Aloysio Nunes, que criticou a escassez de explicação da Nicarágua sobre o crime.
"Quem foi (que atirou)? Qual foi o calibre da arma? Em que circunstâncias ocorreu? Não houve até o momento um esclarecimento deste episódio e vamos insistir, porque nos parece um assunto absolutamente inaceitável", reclamou Aloysio Nunes .
Um dia após o assassinato de Raynéia, o governo brasileiro exigiu que autoridades nicaraguenses mobilizem todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo assassinato da estudante brasileira.
O Itamaraty chegou inclusive a chamar de volta o embaixador brasileiro no país, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, para consultá-lo sobre a questão.
Por meio de nota, o governo ainda condenou “o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança”, e repudiou a perseguição a manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos.
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A estudante de medicina foi assassinada com um tiro no peito que, de acordo com o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua .
Em entrevista a uma emissora de TV local, o retior da UAM acrescentou que as forças paramilitares “sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada. Eles andam sequestrando e fazendo batidas".
A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega . Ele se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso de poder e corrupção.
A repressão aos protestos populares já deixou mais de 270 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais; a explicação da Nicarágua , dizem membros do governo, é de que a oposição está a fomentar um clima de ódio no país visando a deposição do presidente.
* Com informações da Agência Brasil
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