Depois de ver seu plano de voltar ao cargo de presidente da Catalunha adiado pelo parlamento da referida região autônoma, que na terça-feira (30) desistiu de realizar a eleição para definir o novo chefe, Carles Puigdemont, líder separatista que se encontra exilado na Bélgica desde o referendo sobre a independência catalã, viveu um revés inusitado.
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Em um ato independentista realizado na cidade belga de Lovaine, em que esteve presente Toni Comín, ex-conselheiro de Puigdemont , mensagens de celular entre ele e o ex-presidente catalão foram flagradas por um canal de TV espanhol.
Escritas após o parlamento da Catalunha decidir adiar a votação que definiria o novo líder do parlamento, na troca de mensagens o ex-presidente admite a derrota do projeto separatista.
“Voltamos a viver os últimos dias da Catalunha republicana”, escreve ele. “Suponho que esteja claro que isto terminou. Os nossos nos sacrificaram. Ao menos a mim. Vocês serão conselheiros (espero e desejo), mas eu já estou sacrificado”, completa o ex-líder.
O diálogo, que se refere ao suposto plano do governo central espanhol de dividir os parlamentares que formam parte da oposição separatistas, foi recebido com decepção pelos que defendem a independência da região.
O adiamento da votação, de acordo analistas do periódico espanhol El País , se deu por diferenças entre os deputados sobre afrontar ou não a legislação nacional. Isso porque, se Puigdemont for eleito presidente da Catalunha, ele terá de governar desde o exílio, o que, para o governo da Espanha, não está previsto em lei.
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Coincidentemente, contudo, a admissão privada da derrota se deu pouco antes de partidos separatistas reafirmarem que Puigdemont é seu candidato único.
Comín, o ex-conselheiro flagrado ao celular, disse que pretende processar o canal de TV que o filmou por violação de privacidade. Puigdemont, por sua vez, reconheceu o conteúdo das mensagens. “Sou humano e há momentos em que também tenho dúvidas. Mas também sou presidente e não voltarei atrás. Sigamos!”, escreveu em suas redes sociais.
Enquanto isso, segue também o impasse catalão e o parlamento ainda não decidiu quando será a decisão sobre o novo líder. À revelia do que defende o governo espanhol, os separatistas insistem na candidatura do líder exilado Carles Puigdemont.
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