Laura Plummer pode ser condenada a sete anos de prisão, devido aos comprimidos de Tramadol
Reprodução/The Guardian
Laura Plummer pode ser condenada a sete anos de prisão, devido aos comprimidos de Tramadol

A vendedora de loja britânica Laura Plummer, de 33 anos, foi sentenciada a passar três anos na prisão egípcia após ter sido considerada culpada por tráfico de drogas. A decisão foi determinada após 290 comprimidos de Tramadol terem sido encontrados em sua mala. O analgésico é legal no Reino Unido, porém proibido no Egito.

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Plummer foi presa no aeroporto internacional de Hurghada, em 9 de outubro de 2017, quando a polícia descobriu que estava carregando comprimidos de Tramadol e Naproxen. Desde então, a britânica tem dividido cela com 25 presas, em Hurghada. A família de Laura afirma que ela levava os analgésicos para o marido Omar Caboo, que sofre com fortes dores nas costas.

Além dos três anos de prisão, ela deve pagar uma multa de 100.000 libras egípcias, o que equivale a R$ 18,6 mil. Na segunda-feira (25), o advogado de Laura, Mohamed Osman, apontou que uma pergunta interpretada de maneira equivocada a fez “acidentalmente confessar a ação”, na frente do juiz.

O advogado diz que sua cliente se confundiu ao ser questionada se contrabandeava e se trazia Tramadol  para o Egito, e que por isso negou quando o tradutor repetiu o que havia sido dito. O juiz garante que o momento em que Laura “confessou” o crime foi gravado por um funcionário.

Com o ocorrido, o advogado deve apresentar uma explicação nesta terça-feira (26), defendendo a afirmação de que Plummer tinha a droga, mas não pretendia vendê-la ou negociá-la.

A mãe da “turista Tramadol” - como tem sido chamada pelos meios de comunicação egípcios – Roberta Sinclair alega que o que está acontecendo não é justo, e que sua filha tinha a melhor das intenções ao transportar o medicamento.

“Ela fez isso com toda a inocência, apenas para ajudar alguém. Eu estava preocupada com ela na delegacia de polícia. Agora estou ainda mais sabendo que está no mesmo espaço que criminosos de verdade”.

Laura Plummer foi transferida para a prisão, porém sua sentença pode mudar, conforme o caso avança no sistema judiciário do Egito. Espera-se que a segunda etapa do mesmo seja iniciada em no mínimo um mês. A família expôs que os advogados já apresentaram um apelo imediato.

A prisão e próximos passos

A irmã Jayne Sinclair informou ao  The Mirror  que Laura estava sendo “alvo” de outras presidiárias por ser estrangeira. "Minha irmã está dividindo cela com uma mulher que cortou a garganta do melhor amigo. Ela tem sofrido diversas agressões lá dentro e já ameaçou tirar a própria vida por conta das condições precárias em que está vivendo, sem banheiro ou ar condicionado”, disse.

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Rachel Plummer, também irmã de Laura, confirmou que o juiz suspendeu o andamento do caso por um dia, devido à condição da mulher.  “Ela não tem dormido direito e está visivelmente nervosa e chateada por ter se equivocado na hora de responder ao juiz. Laura está se sentindo muito pressionada”, defendeu. De acordo com Rachel, sua mãe e Caboo foram impedidos de comparecer na audiência por chegarem atrasados ao tribunal.

Já o deputado de Hull East, Karl Turner, elogiou os esforços do governo e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, para com os Plummers. Ao site  Sky News , ele comunicou o cancelamento da audiência para que Laura pudesse encontrar um novo intérprete.

"Aparentemente, algo não estava correndo bem na tradução. O advogado de defesa não estava confiante de que Laura estivesse realmente entendendo as perguntas, e se o intérprete estava traduzindo corretamente as respostas de sua cliente”, disse.

O deputado trabalhista indicou que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alistair Burt, esteve no Egito e falou com os seus homólogos. "Eu não acho que poderíamos ter pedido mais nada. O judiciário no Egito é independente e imparcial e o juiz tomará decisões sem qualquer influência externa".

A família da britânica evidenciou que ela não tentou esconder o remédio, que inclusive havia recebido por um amigo. “Quando foi abordada, Laura pensou se tratar de uma pegadinha, pois acabara de voltar das férias com o marido. Agora ela está irreconhecível”, alegou a mãe.

Os parentes da prisioneira foram avisados de que ela poderia enfrentar uma pena de 25 anos de prisão.  A pena de morte foi mencionada por um dos advogados. Na audiência de segunda-feira, o advogado de defesa afirmou que o preço da passagem de avião é uma ‘evidência-chave’ que pode libertar a mulher, já que vale muito mais que os medicamentos.

Ao The Sun , Osman expôs que, para que alguém seja considerado culpado por contrabando de drogas, é necessário que esteja ciente que possui narcóticos. “Laura não sabia que carregava um narcótico. Ela estava lidando somente com Tramadol”.

No Natal, Plummer, nascida em Hull, no Reino Unido, apareceu no tribunal algemada e chorou na frente de um juiz. Marido de Laura, Caboo disse ao MailOnline que é fato que sua parceira é inocente, e que será liberada em breve.

Vale lembrar que ela assinou um documento de 38 páginas escrito em árabe, pois acreditava que o documento pudesse lhe conferir liberdade. Mas a ação levou-a a passar dez semanas na cadeia.

A família buscou por um tratamento diferenciado no sistema de Justiça egípcio, que nesta terça deve decidir se adiará a audiência ou aceitará a oferta de fiança. Apesar de a trabalhadora implorar sua inocência, os promotores alegaram que ela terá que comparecer na corte criminal principal, em Safaga.

O medicamento no Egito

Enquanto o contrabando de drogas traz sentenças de morte no Egito, é provável que Laura Plummer seja condenada a sete anos de prisão.  Para Osman, mesmo que a mulher seja isenta de tráfico de drogas, ainda pode ficar dois anos na cadeia, por ter sido pega com uma substância proibida. Entretanto, com o pedido de fiança, sua equipe jurídica acredita que possa tirá-la do centro de detenção onde encontra-se atualmente.

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É importante ressaltar que o Tramadol é a droga mais abusada no Egito. De acordo com um ministro, as autoridades passaram a repreender os usuários a fim de evitar o mau uso da droga. O opióide sintético só está disponível sob receita médica, mas, geralmente, os comprimidos são obtidos ilegalmente e usados como um substituto de heroína, como em outros lugares do mundo. 

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