O Congresso do Peru iniciou nesta sexta-feira (15) o processo que pode levar ao impeachment do presidente Pedro Pablo Kuczynski, acusado de ter recebido propinas do grupo Odebrecht. Durante uma sessão especial, 27 dos 130 membros do Congresso deram aval para o processo continuar.
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De acordo com a denúncia contra o presidente peruano, Kuczynski é proprietário de empresas de consultoria que teriam recebido pagamentos ilícitos da empreiteira brasileira, em troca de favorecimentos para licitações no Peru. A própria Odebrecht revelou que pagou, há mais de uma década, cerca de US$ 4,8 milhões a duas empresas de assessoria vinculadas ao presidente.
O mandatário, por sua vez, nega todas as acusações e garantiu que não renunciará ao cargo. Durante a sessão especial, parlamentares das legendas Frente Ampla, Força Popular e Partido Aprista apresentaram uma moção que pede o impeachment do presidente, alegando "incapacidade moral" de Kuczynski permanecer no cargo.
Os próximos passos são o agendamento de uma convocação para que o presidente compareça ao Congresso, e uma sessão na qual os parlamentares debaterão a vacância. Por lei, Kuczynski terá uma hora para se defender. No entanto, a probabilidade de que o impeachment seja aprovado é alta, já que a oposição domina o Congresso peruano .
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Presidente diz ser inocente
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, fez um discurso no fim da noite desta quinta-feira (14) em que afirma que não renunciará ao cargo apesar da pressão de líderes da oposição.
De acordo com o mandatário, ele não exercia mais nenhum papel na administração na empresa Westfield Capital, fundada por ele, quando a companhia recebeu US$ 800 mil de um consórcio liderado pela empreiteira brasileira entre 2004 e 2007. Ele lembrou ainda que, durante esse período, ele era ministro das Finanças e que foi premier nos governos anteriores.
Durante a transmissão do discurso, o presidente pediu o levantamento do próprio sigilo bancário “para que revisem tudo o que queiram e assumo todas as responsabilidades que derivam de minhas ações".
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A acusação diz que Kuczynski recebeu cerca de US$ 5 milhões da filial peruana da Odebrecht, a H2Olmos, entre 2004 e 2014. Pouco depois do pronunciamento, ele usou o Twitter para reafirmar seu discurso. "Nos custou muito recuperar essa democracia. Não vamos voltar a perdê-la. Não vou abdicar nem da minha honra, nem de meus valores, nem de minhas responsabilidades como presidente de todos os peruanos", escreveu.
* Com informações da Ansa