O grupo ativista argentino Avós da Praça de Maio
anunciou nesta terça-feira (5) a identificação da 126ª criança sequestrada durante a ditadura militar que prevaleceu no poder no país entre 1975 a 1983.
A neta de número 126 é filha de Violeta Graciela Ortolani e Edgardo Roberto Garnier, dois ex-ativistas políticos da guerrilha urbana Montoneros. De acordo com comunicado das Avós da Praça de Maio , Violeta foi sequestrada em dezembro de 1976, quando estava com oito meses de gestação. Edgardo então iniciou uma empreitada solitária em busca da esposa e de sua filha, mas também acabou raptado, em fevereiro de 1977.
' La nieta 126 ', que não teve a identidade divulgada (procedimento de praxe do grupo ativista), buscou descobrir suas origens após sua família de criação revelar que ela não era filha biológica do casal que a criou.
A mulher de 40 anos de idade então buscou as Avós, que notaram que a certidão de nascimento da moça havia sido assinada pela médica Juana Franicevich, a mesma profissional que havia fraudado documentos de três netos localizados recentemente pelo grupo ativista.
A verdadeira identidade de seus pais foi revelada após a realização de exames genéticos com base no banco de dados da Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (Conadi).
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Reencontro com a avó
A mais nova neta das Avós da Praça de Maio pôde conhecer sua avó paterna, Blanca Díaz de Garnier, que vive em Concepción del Uruguay, localidade argentina na fronteira com o Uruguai.
"Estou feliz e plena. Isso não é somente uma ficha, é todo um enigma que foi solucionado e agora minha vida está completa", disse ' la nieta 126 ' durante evento realizado nesta terça-feira. "Tenho uma bela família... Tenho uma avó... Não posso acreditar. Aos 40 anos e eu tenho uma avó e ontem já consegui falar com ela. Ela é um gênio e eu a mo. Ela é linda por dentro e por fora", relatou a jovem.
Em nota, as Avós da Praça de Maio alegaram que esses reencontros "renovam as esperanças" para que o grupo "redobre os esforços" em suas buscas. "Vão sobrando poucas avós. Há poucos dias tivemos a tristeza de nos despedir de duas grandes companheiras que não puderam ter seus tão esperados reencontros. Com a urgência do tempo que corre, voltamos a fazer um apelo à sociedade para que nos ajudem nas buscas, que já duram 40 anos", diz o comunicado.
Calcula-se que cerca de 500 bebês tenham sido roubados de seus pais durante a ditadura militar na Argentina. Segundo o governo do país e organizações de direitos humanos, cerca de 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura.
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