O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo , teria recebido pelo menos US$ 3,9 milhões de propina da construtora brasileira Camargo Corrêa. As informações são do jornal peruano La Republica. Toledo pode responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e colusão (acerto entre partes para enganar e prejudicar terceiros).
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De acordo com a publicação, as investigações da equipe especial da Lava Jato no Peru apontaram que Toledo negociou com o representante do consórcio Intersur e da Camargo Corrêa, Marcos de Moura Wanderley, o pagamento de 3,5% do orçamento previsto em contrato para a construção de um trecho da rodovia Interoceânica Sul.
Dos 3,5% cobrados, 3% seriam de Toledo e o restante iria para seu amigo e conselheiro, Josef Maiman Rapaport, que facilitou as contas para receber o suborno, abertas em paraísos fiscais. Maiman colabora com a Promotoria peruana para esclarecer a rota das propinas.
O acordo entre Toledo e os representantes da Camargo Corrêa teria surgido entre o final de 2004 e o início de 2005. Toledo foi presidente peruano de 2001 a 2006. Ele pode responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e colusão (acerto entre partes para enganar e prejudicar terceiros).
A via, ou a “Rodovia do Pacífico”, como é conhecida, é uma estrada binacional entre o Brasil e o Peru, que pretende ligar a Amazônia brasileira ao Oceano Pacífico e que ainda não está completa.
Em fevereiro deste ano, um mandato de prisão internacional foi emitido contra Alejandro Toledo, pelo caso do esquema de corrupção da Odebrecht. Ela supostamente teria pagado propinas no valor de US$ 20 milhões para vencer a licitação de outros trechos da Interoceânica do Sul, segundo o depoimento do ex-diretor da companhia no Peru, Jorge Barata.
Toledo mora na Califórnia e os Estados Unidos ainda não aceitaram extraditá-lo.
Outros presidentes acusados
Alejandro Toledo não é o único político do Peru acusado de corrupção nos casos envolvendo empreiteiras brasileiras no país.
Na semana passada, o atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski , o PPK, foi acusado pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo, de trabalhar como consultor financeiro para a construtora baiana a partir de 2006, depois da presidência de Toledo, quando Kuczynski foi ministro da Economia e do Conselho de Ministros (espécie de primeiro ministro do país). Em um pronunciamento nacional, PPK negou a acusação de que a empresa o contratou antes de ser o mandatário do país. Ele também fez declarações no Twitter.
Em um caso mais grave, em julho, também após depoimento de Marcelo, o ex-presidente Ollanta Humala (2011 - 2016) e sua esposa Nadine Hereida foram presos preventivamente . Eles são acusados de terem recebido US$ 3 milhões da construtora para a campanha eleitoral que levou Humala à presidência, em 2011, e respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação ilícita. O prazo da prisão preventiva é de até 18 meses.
Em março, o ex-presidente Alan García (2006 -2011) foi denunciado pelo Ministério Público por crime contra a administração pública após Marcelo ter afirmado que a Odebrecht pagou mais de U$ 8 milhões em suborno na construção da ampliação do metrô de Lima.
E não foram acusados somente ex-presidentes. Em abril, o governador da região de Callao, Félix Moreno, também foi preso preventivamente, acusado de favorecimento
ao permitir a construção de uma rodovia realizada pela empreiteira. Ele teria recebido U$ 4,2 milhões e responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.