Depois de 37 anos à frente do Zimbábue , Robert Mugabe renuncia a presidência na tarde desta terça-feira (21), segundo anunciou um porta-voz do governo do país africano. As informações são da rede de TV americana "CNN".
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O anúncio ocorreu hoje, quando o Parlamento iniciou um processo para acusação e consequente impeachment
de Mugabe
, seis dias depois que as Forças Armadas assumiram o controle na capital, Harare, e colocaram o líder de 93 anos sob prisão domiciliar.
Durante todo o fim de semana, uma multidão foi às ruas Harare para fazer pressão no presidente, pedindo para que renunciasse ao cargo. As pessoas ainda comemoraram a intervenção realizada pelo Exército, enquanto levantavam os punhos e acenavam as bandeiras zimbabuenses para marcar o momento histórico.
Expulso do partido
No domingo (19), o Comitê Central da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF) decidiu expulsar Robert Mugabe da liderança do partido, substituindo-o pelo ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. Além dele, a legenda também expulsou a primeira-dama, Grace, e outros aliados da base.
Com a decisão, a ZANU-PF encerra a liderança do seu fundador. Antes da reunião extraordinária realizada no fim de semana, o presidente do Comitê Central do partido, Obert Mpofu, se referiu a ele como “um presidente em fim de mandato”, ainda elogiando a intervenção das Forças Armadas, que segundo ele “abrem uma nova era, não só para o partido, mas também para o país”.
Horas após ser expulso do próprio partido e depois de forte pressão popular para que renunciasse , o presidente ainda fez um discurso na TV estatal "Zimbabwe Broadcasting Corporation", dizendo que não renunciaria.
Revolta de aliados
A revolta militar, que levou ao 'golpe de Estado' do Exército, se iniciou dias após Mugabe destituir o vice-presidente Emmerson Mnangagwa . A decisão foi considerada uma manobra da primeira-dama, Grace Mugabe, para se desfazer de seu principal rival na corrida pela sucessão do marido no poder. Segundo analistas, Mnangagwa, veterano de guerra com fortes vínculos com as Forças Armadas , seria o líder do movimento por um futuro governo transitório de concentração formado. O objetivo seria reconduzir o Zimbábue, afetado desde 2008 por uma grave crise econômica.