O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, negou nesta quarta-feira (15), a acusação de a empresa Odebrecht o contratou como consultor financeiro antes de ser o mandatário do país. Ele falou através de um pronunciamento na TV para todo o país.
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“Como chefe de Estado, apoio a luta contra a corrupção em todos os níveis”, ele afirmou. Além disso, foi enfático ao refutar qualquer ligação com a empreiteira brasileira. “[Marcelo Odebrecht] afirma que depois de ter sido ministro, me contratou como consultor financeiro de tal empresa. Essa suposta afirmação também é falsa”.
Kuczynski ou PPK, como também é conhecido, se referiu à suposta denúncia que Marcelo Odebrecht fez em seu depoimento para autoridades peruanas e brasileiras, no dia 9 de novembro, em Curitiba.
De acordo com o empresário baiano, o presidente trabalhou para a construtora baiana a partir de 2006, após a presidência de Alejandro Toledo (2001 a 2006), quando Kuczynski foi ministro da Economia e do Conselho de Ministros (espécie de primeiro ministro do país).
As acusações de Odebrecht, ainda não confirmadas, vieram à público na segunda-feira (13), após a imprensa peruana noticiar o caso, que teve repercussão nacional e movimentou os bastidores da presidência.
No pronunciamento, o líder do Peru continua dizendo: “Não recebi nenhum repasse de tal empresa em nenhuma de minhas campanhas eleitorais”. PPK faz aí referência às denúncias de que a Odebrecht repassou dinheiro para suas campanha.
A mensagem foi reforçada em sua conta no Twitter, onde disse: “Nunca recebi qualquer contribuição da Odebrecht para as campanhas eleitorais de 2011 e 2016. Além disso, não tive uma ligação profissional com a Odebrecht.”
Investigações peruanas
Inicialmente a investigação peruana sobre as suspeitas da Odebrecht no país não estavam focadas no presidente. Em setembro, a Promotoria do Peru solicitou à Justiça do Brasil autorização para interrogar
o empresário sobre Keiko Fujimori, líder da oposição no país e candidata derrotada por PPK na última eleição presidencial. O pedido foi feito pelo promotor peruano, José Domingo Pérez.
No Peru, a Justiça investiga o pagamento, feito pela Odebrecht, de propinas em dezenas de obras no valor de US$ 29 milhões entre 2005 e 2014. No caso, já foram denunciados, por lavagem de dinheiro, os ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo (2001-2006) e Ollanta Humala (2011-2016). Além disso, o ex-presidente Alan García (2006-2011) é investigado por ter recebido presentes em troca de benefícios na construção do metrô de Lima.
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A companhia brasileira atua no Peru há quase 40 anos e, no início de 2017, assinou um convênio preliminar com o Ministério Público do país estabelecendo a colaboração com as autoridades sobre as acusação de repasses de dinheiro. Em março deste ano, Kuczynski afirmou à imprensa local que queria que a empresa deixasse o Peru em até seis meses, o que não aconteceu.
*com informações da Agência Brasil