O site de denúncias Wikileaks e Donald Trump Jr., filho do atual presidente dos Estados Unidos , trocaram mensagens privadas no Twitter durante a campanha presidencial norte-americana do ano passado. A revelação bombástica foi feita pela revista The Atlantic, e divulgada no início da semana.
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De acordo com a reportagem, que conta com prints das conversas, o Wikileaks estabeleceu contato direto com o filho de Donald Trump com mensagens enviadas até, pelo menos, julho de 2017. Entre elas, o Wikileaks chegou a pedir para Trump Jr. divulgar o trabalho da organização.
O site de denúncias fez ainda uma série de solicitações, incluindo a de que o Presidente dos EUA sugerisse à Austrália a nomeação de Julian Assange, o fundador do Wikileaks, para o cargo de embaixador australiano em Washington.
“Em relação ao sr. Assange: Obama/Clinton colocaram pressão sobre a Suécia, o Reino Unido e a Austrália (o seu país natal) para perseguir ilegalmente o sr. Assange. Seria muito fácil e útil se o seu pai sugerisse à Austrália a nomeação de Assange como embaixador em Washington”, lê-se na mensagem citada pela revista.
Hoje, Assange está exilado na Embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido. O exílio, que se dá desde 2012, começou para evitar a sua extradição para a Suécia, onde era procurado por suspeita de crimes de violação.
Hoje, o exílio traz também o receio de um pedido de extradição por parte dos Estados Unidos, onde Assange é procurado pela divulgação ilícita de milhares de documentos da diplomacia e das Forças Armadas dos EUA.
Sem respostas, mas com reações
Embora as conversas divulgadas apontem que Trump Jr. não respondia o Wikileaks em muitas situações, é possível notar que o filho do republicano seguiu, diversas vezes, as pistas e as dicas do site de denúncias.
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Um exemplo é quando, durante a campanha, Trump Jr. recebeu mais uma mensagem do site de denúncias informando que tinha acabado de “publicar os emails do Podesta parte 4” – numa clara referência aos emails roubados do antigo chefe de campanha da então candidata democrata Hillary Clinton, que foram divulgados pelo Wikileaks.
Embora Trump Jr. não tenha respondido, 15 minutos depois da mensagem, o seu pai publicou no Twitter: “Muito pouco acompanhamento pela imprensa desonesta da incrível informação divulgada pelo Wikileaks. Tão desonesta! Sistema corrupto”.
Dois dias depois, foi a vez do filho do magnata divulgar o link oferecido pelo Wikileaks em seu Twitter. “Para aqueles que têm tempo para ler sobre toda a corrupção e hipocrisia, todos os emails do WikiLeaks estão aqui mesmo”, escreveu.
Fingindo imparcialidade
Em uma dada mensagem, o Wikileaks chegou a pedir para Trump Jr. dados sobre as declarações de impostos do pai dele. A ideia aqui, segundo as conversas, era reforçar a imagem imparcial do projeto de Assange, como se Trump também estivesse na mira do site de denúncias. O pedido, porém, não foi aceito.
Para além dos pedidos, incluindo que a campanha de Trump divulgasse algumas das histórias publicadas pelo site de denúncias, o WikiLeaks também chegou a oferecer alguns conselhos.
Por exemplo, no próprio dia das eleições, foi dito para o então candidato republicano que não aceitasse os resultados caso perdesse. O ideal, segundo o conselho, era que Trump alegasse a existência de uma fraude eleitoral e que acusasse a imprensa de ser corrupta.
Essa atitude serviria como ajuda para Trump, já que ele tinha a intenção de fundar uma empresa de comunicação social caso não fosse eleito para a Casa Branca.
Dados confirmados
A reportagem da The Atlantic tomou como base uma documentação entregua pelos advogador de Trump Jr. a investigadores do Congresso norte-americano, que conduzem um inquérito sobre as suspeitas de interferência russa no processo eleitoral.
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Horas depois da publicação da revista, o próprio filho de Donald Trump fez questão de divulgar as mensagens em causa, confirmando o conteúdo da notícia.