Parece que a política mundial está voltando seus olhos para os holofotes midiáticos e, se não elegendo, abrindo portas aos famosos que desejam ingressar na vida pública. Não é só o caso do presidente norte-americano, bilionário e apresentador de TV, Donald Trump, mas o Brasil e até mesmo a conservadora Rússia entraram na ‘onda’ das celebridades políticas, com a mais nova candidata sendo apelidada pela imprensa internacional como 'Paris Hilton' russa.
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No caso da Rússia
, que também terá eleições presidenciais em 2018, a mais nova candidata é Ksenia Sobchak, socialite e apresentadora de TV, também editora da revista de moda internacional L’Officiel, que anunciou "estar na pista" na última quarta-feira (18). A jornalista vem assumindo um discurso de oposição ao governo de Vladimir Putin, mas não de maneira direta ao atual presidente, participando de protestos contrários à administração atual.
“Depois dos últimos 17 anos, toda uma nova geração cresceu com o sonho de ver um país diferente, civilizada e europeia”, afirmou a socialite em uma entrevista para a TV Rain, durante a qual anunciou sua candidatura.
Sobchak, porém, não é “nova” na vida política, já que é filha de um ex-prefeito de São Petersburgo , Anatoly Sobchak, apontado como um dos mentores de Putin, inclusive, que já falou em muitas ocasiões sobre sua “dívida política” para com Sobchak, que morreu em 2000.
Oposição, “pero no mucho”?
Apesar de trazer um discurso crítico ao atual governo e de afirmar ser uma nova opção aos eleitores em relação ao poderoso mandatário, alguns analistas consideram a candidatura de Sobchak como uma manobra do Kremlin para maquiar a legitimidade das eleições no país, desmentindo opositores que apontam a impossibilidade de realmente disputar o cargo com o “ditador Putin”. Alexei Navalny, o opositor mais famoso do presidente, por exemplo, dificilmente conseguirá concorrer ao cargo.
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Um dos argumentos dados pelos analistas sobre a possível manobra – utilizando a apresentadora de TV – é que ela não fez nenhuma crítica direta a Putin, apenas citando argumentos genéricos. Tal fato é semelhante ao que ocorreu com o oligarca Mikhail Prokhorov, em 2012, que propôs uma plataforma de mudanças sem criticar seriamente o Kremlin. Ele recebeu 8% do voto.
Muitos eleitores russos já começaram a criticar a ideia de Ksenia, de sair candidata de forma independente. Em setembro, o jornal “Vedomosti” apontou que o governo estava considerando convidá-la para concorrer ao cargo. “Isso é uma mentira”, respondeu a jornalista em seu blog. “Eu não tive nenhum contato direto ou indireto com a administração governamental sobre isso. Eu não preciso da benção deles, e posso decidir sobre o que fazer”, completou.
Contudo, a nova candidata afirma que se encontrou com Putin recentemente para uma entrevista sobre Anatoly Sobchak, pai da jornalista e “guru político” do presidente. Nesse encontro, ela teria confirmado a ele que sairia como candidata e que “o presidente não pareceu nada feliz”.
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Para que Sobchak entre na corrida, ela precisará coletar 300 mil assinaturas de cidadãos de toda a Rússia. O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que ela "cumpriu todos os critérios" para conseguir continuar tal movimento. A 'Paris Hilton russa' ainda disse que iria realizar uma coletiva de imprensa em que elaboraria seu programa e nomearia sua equipe de campanha.