Pelo menos seis conselheiros mais próximos do presidente norte-americano Donald Trump utilizaram e-mails privados para discutir questões políticas da Casa Branca, segundo afirmaram oficiais e ex-oficiais ao jornal The New York Times nesta segunda-feira (25).
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As informações foram divulgadas um dia depois das notícias em torno de Jared Kushner, genro e conselheiro de Donald Trump
, apontado por usar seu e-mail pessoal para encaminhar ou receber ao menos 100 mensagens oficiais durante os primeiros sete meses da administração republicana. Contudo, Kushner não está sozinho. O antigo chefe de Estratégia da Casa Branca, Stephen K. Bannon, e ex-chefe de Equipe, Reince Priebus, também estão entre aqueles que recorreram às suas contas privadas ocasionalmente. Outros conselheiros apontados pela prática ilícita são Gary D. Cohn e Stephen Miller.
Além dos funcionários, Ivanka Trump , filha mais velha do presidente e mulher de Kushner, usou uma conta privada, quando ainda trabalhava como conselheira “voluntária” do pai, nos primeiros meses da administração republicana, de acordo com a revista Newsweek. Oficiais administrativos reconheceram que ela também encaminhou mensagens após se tornar funcionária oficial da Casa Branca. Os oficiais falaram em anonimato porque não estão autorizados a discutir os problemas com a imprensa.
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Funcionários do governo devem usar e-mails oficiais para discussões de assuntos não pessoais, colocando, desse modo, suas conversas disponíveis ao público – e àqueles responsáveis pela supervisão dessas questões. Apesar disso, não é ilegal que oficiais da Casa Branca utilizem suas contas privadas se enviarem em cópia à conta profissional, deixando as mensagens salvas.
“Hipocrisia”, dizem democratas
Durante a corrida eleitoral de 2016, Trump apontou – por diversas vezes – sua então concorrente Hillary Clinton por usar seu e-mail privado enquanto exercia o cargo de Secretária de Estado, o que acabou atingindo a candidata democrata de maneira bastante negativa. Afinal, conforme desejava o republicano, criou-se uma imagem de que Hillary não era “alguém confiável”. “Não devemos deixá-la levar seu esquema criminoso ao Salão Oval”, defendia o então candidato.
As investigações do FBI em torno de Hillary foram encerradas, mas não foram impostas punições. Mesmo depois disso, Trump continuou a pressionar o Departamento de Justiça para que voltasse a investigar a democrata.
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Depois de estourarem as informações em torno da cúpula de Trump, muitos democratas – incluindo a própria Hillary Clinton
– começaram a acusar a administração republicana de hipocrisia (já que suas antigas reclamações foram, supostamente, repetidas por pelo menos seis pessoas). Todavia, vale destacar que existem diferenças. Isso porque foi descoberto que Clinton armazenava informações em um servidor privado, usando uma conta privada para o trabalho do governo de maneira exclusiva, enviando ou recebendo dezenas de milhares de e-mails.
Já sobre o conteúdo e a frequência dos e-mails trocados pelos conselheiros republicanos ainda permanecem desconhecidos. Segundo os oficiais da administração descreveram, o uso de contas pessoais entre a cúpula republicana aconteceu de forma esporádica. Até agora, esses e-mails não se tornaram públicos.
Ambos os partidos políticos lutaram por muitos anos sobre a prática de usar contas de e-mail privadas para assuntos de governo. Muito antes de o assunto estourar em torno da figura de Hillary Clinton, durante a campanha, os democratas já haviam criticado os membros da administração George W. Bush pela prática.
Na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca , Sarah Huckabee Sanders, caracterizou o uso de contas de e-mail privadas, dentro da administração de Donald Trump, como algo “muito limitado”. “O advogado da Casa Branca informou a todas as equipes do governo para que utilizem seus e-mails governamentais para negócios oficiais, e que apenas usem esse e-mail", afirmou.