A Coreia do Norte realizou um teste de um míssil balístico internacional nesta sexta-feira (28) que, ao que tudo indica, poderia alcançar grande parte do território norte-americano, segundo especialistas e Kim Jong-un afirmaram. Com isso, a tensão cresce nos Estados Unidos, Japão, China e Coreia do Sul. As informações são da rede de TV "CNN".
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Segundo análises realizadas pelos EUA, Japão e Coreia do Sul, o lançamento realizado ontem por Kim Jong-un em Mupyong-ni, perto da fronteira sul-coreana, mostra que o míssil voou por 45 minutos, atingindo uma distância de 1.000 quilômetros após alcançar mais de 3,7 mil quilômetros de altura.
Assim, se tivesse sido disparado em uma trajetória mais plana e padrão, poderia alcançar grandes cidades dos EUA, como Los Angeles, Denver e Chicago, talvez com capacidade de chegar até mesmo a Nova York e Boston, de acordo com o especialista norte-americano da “Union of Concerned Scientists”, David Wright.
Entretanto, análises prévias não podem, ainda, determinar quão pesado o míssil estava – e o quanto de carga útil poderia carregar em sua ogiva. Quanto mais pesada a carga útil, menor o alcance, de acordo com Wright.
Para especialistas sul-coreanos, o míssil balístico intercontinental testado ontem é mais poderoso do que o do mês passado, baseando-se no alcance. Aquele poderia atingir, no máximo, o estado do Alasca.
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O presidente dos Estados Unidos Donald Trump condenou o teste feito por Kim Jong-un, afirmando que irá tomar medidas de segurança. “Ameaçando o mundo, essas armas e testes ainda isolam a Coreia do Norte, enfraquecem sua economia e privam suas pessoas”, afirmou Trump em declaração escrita. “Os Estados Unidos tomarão todas as medidas necessárias para garantir a segurança da pátria americana e para proteger nossos aliados na região”.
“Todo o território dos EUA ao nosso alcance”
A agência de notícias do governo norte-coreano afirmou neste sábado (29) que o modelo testado ontem é um Hwasong-14 , o mesmo do último mês. O teste de ontem foi projetado para mostrar qual seria o alcance máximo do modelo com uma “pesada ogiva nuclear de grande porte”, acrescentando ainda que Washington deve considerar o lançamento como “um aviso grave”.
A mídia estatal da Coreia do Norte também divulgou imagens do líder do país comemorando o lançamento bem-sucedido com militares.
China condena lançamento
A China é aliada da Coreia do Norte há muitas décadas. Contudo, também condenou o lançamento feito ontem, pedindo para que Pyongyang parasse de tomar atitudes que “aumentam a escalada de tensões” na Península Coreana.
“O Conselho de Segurança da ONU estabeleceu regras claras sobre atividades que usam tecnologias de mísseis balísticos na Coreia do Norte. A China se opõe aos lançamentos que violam tais resoluções da ONU e que são contrárias à comunidade internacional”, afirmou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Geng Shuang.
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Já o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson afirmou hoje que a China e a Rússia precisam fazer mais a fim de controlar a Coreia do Norte. “Como principais impulsionadores econômicos do programa de armas nucleares e desenvolvimento de mísseis balísticos da Coreia do Norte, a China e a Rússia assumem responsabilidade única e especial por essa crescente ameaça à estabilidade regional e global”, afirmou Tillerson em comunicado.
Depois de uma conversa com Tillerson neste sábado, o ministro japonês de Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, disse que Tóquio se juntará a Washington para impedir novas ações de Pyongyang.
Mas, nem todos concordam que a Coreia do Norte lançou um ICBM. Para o Ministério da Defesa da Rússia , “o rastreamento indicou que a arma era um ‘míssil balístico de médio alcance’”, de acordo com informações da agência de notícias estatal russa Tass nesta sexta-feira.
Melhores mísseis sul-coreanos
Ainda em resposta ao lançamento de ontem, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, afirmou neste sábado que já encaminhou um pedido de revisão do acordo bilateral com os EUA que controla o programa de mísseis balísticos no país. O objetivo é melhorar a capacidade dos mísseis sul-coreanos.
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Moon pediu ao seu assessor de segurança, Chung Eui-young, que propusesse oficialmente ao seu colega amaricano, H. McMaster, uma revisão das normas para permitir que o peso da carga útil dos mísseis sul-coreanos possa ser duplicado para uma tonelada, detalhou um secretário presidencial em coletiva de imprensa.
O míssil caiu a 200 quilômetros a oeste da península de Shakotan, a principal ilha do norte de Japão, Hokkaido, dentro da Zona Econômica Exclusiva do Japão . Em menos de seis anos no poder, Kim Jong-un já testou mais mísseis do que seu pai e seu avô juntos. O último lançamento teria sido uma resposta à administração do republicano Trump.