A Venezuela vive um momento de tensão, com uma crescente crise político-econômico-social. Nas últimas três semanas, o país enfrentou protestos em diversas cidades e a repressão violenta da polícia – e mais de 20 pessoas acabaram morrendo. Em meio a tudo isso, movimentos de oposição ao governo de Nicolás Maduro lideraram a “marcha do silêncio” neste sábado (22) para protestar contra as forças de segurança e milícias armadas ligadas ao chavismo.
Leia também: Homens-bomba atacam base militar no Afeganistão e matam mais de 140 soldados
Desde o início dessa semana, a Venezuela
foi palco de uma onda de manifestações contra o governo de Maduro. Durante os atos, foram realizados muitos saques, o que fez com que a violência crescesse ainda mais. Até agora, pelo menos 22 pessoas foram mortas – sendo que 13 faleceram nesta sexta-feira (21), nove delas, eletrocutadas durante a tentativa de invasão a uma padaria.
A “marcha do silêncio” que acontece neste sábado foi convocada pela coalização oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD), que quer homenagear as pessoas que morreram em movimentos que pediam a realização de eleições no país. A passeata deve partir de 20 diferentes pontos de Caracas, sendo 18 deles no município de Libertador, um dos que formam o distrito da capital e que é governado pelo chavista Jorge Rodríguez, que já anunciou que não permitirá atos de oposição na região.
Leia também: Venezuela confirma três mortos e 62 feridos nos protestos de quarta-feira
A MUD afirmou ainda que “pretende percorrer as ruas de Caracas pacificamente”, caminhando em direção à sede da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV).
Protestos
Nesta sexta-feira, aconteceu um dos principais atos contra o governo de Nicolás Maduro, até agora, tendo sido realizado no bairro popular de Petare, que abriga uma das maiores favelas de toda a América Latina. Os manifestantes pediam a renúncia do presidente venezuelano, queimando lixos e fechando as principais ruas da região, mas acabaram sendo fortemente reprimidos com gás lacrimogêneo e balas de borracha pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB).
Em outro bairro bastante carente de Caracas, o El Valle, quase 20 comércios foram saqueados, e 50 crianças tiveram de ser evacuadas de um hospital infantil por causa dos efeitos do gás lacrimogêneo. Somente nessa região, nove pessoas morreram entre a quinta e a sexta-feira passadas.
Leia também: Maduro leva pedradas durante desfile militar e clima no país fica mais tenso
As manifestações se intensificaram mais ainda depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela ter suspendido as prerrogativas do Parlamento, assumindo, dessa maneira, as tarefas legislativas. Tal medida foi considerada como um “golpe de Estado” pela oposição. Assim, pressionado pela pressão popular, o TSJ (que é fiel a Maduro) reverteu sua decisão, contudo os protestos não arrefeceram.
*As informações são da Agência ANSA.