
Frustrado por ter sido abandonado por sua namorada, um homem decidiu invadir a casa da família da moça, em Rajastão, na Índia, e, numa cruel vingança, agredir seus pais e irmãos. Já faz quase seis meses que o incidente aconteceu, mas a dor – física e psicológica, causada pelo ataque – prevalece.
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Mangi Lal, sua esposa Tulsi, e seus filhos – Reena, uma menina de oito anos, e Manoj, um garoto de quatro anos – dormiam em sua cabana quando foram acordados pelas dores das queimaduras de ácido.
A primeira reação de Lal foi atribuir a sensação de queimadura ao calor do verão, mas logo ouviu seu filho chorar enquanto sua esposa gritava em agonia e sua filha quase desmaiava de tanta dor. Um vizinho ouviu a comoção e os levou ao hospital mais próximo, a 20 quilômetros do vilarejo onde moravam.

Tulsi e Reena sofreram queimaduras na face e nas mãos enquanto Manoj foi atingido na cabeça e terá, para sempre, calvice em parte do couro cabeludo. Mas as piores feridas foram as de Mangi Lal, que ficou cego do olho direito.
O patriarca, que ganhava R$ 12 por dia trabalhando em lavoura, usou todas as suas economias para pagar o tratamento de sua filha, mas quando chegou sua vez, não foi capaz de arcar com os custos médicos.
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“Eu tinha gastado minha pequena reserva de dinheiro em viagens da vila para o hospital. Por mais que recebesse medicamentos e alimentação gratuitos, meu irmão, que me acompanhava como cuidador, não ganhava comida. Como não podia pagar pelas refeições dele diariamente, precisei para o tratamento e voltar para casa”, disse.
Cicatrizes
Quase seis meses após o ataque, que aconteceu em agosto de 2016, a família foi marcada não só fisicamente, mas também emocionalmente. Por mais que o autor do crime tenha sido preso, os outros moradores do vilarejo passaram a excluir as vítimas. Reena é humilhada constantemente na escola.
“Sempre que os outros moradores nos veem, eles mudam de direção e vão para o lado oposto”, disse a mãe. “Nossa filha, que está no segundo ano em uma escola do governo, é humilhada por colegas e professores. Nós somos desprezados por todos. Gostaria que pudéssemos fazer cirurgia plástica para corrigir nossos rostos. Quero que minha filha tenha essa possibilidade para que não riam mais dela”.
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As lesões causadas pelo ácido fizeram com que o pai ficasse incapacitado e não pudesse mais trabalhar na lavoura para sustentar a família. Atualmente, ele espera receber ajuda do governo para poder abrir seu próprio negócio.