Celebrado no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher não é uma data comemorativa, mas um símbolo da luta e da resistência feminina. Neste ano, milhares de mulheres se uniram em uma paralisação que afetou mais de 30 países para mostrar o valor e importância da força de trabalho feminina.
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No Brasil, manifestações do Dia Internacional da Mulher estão marcadas em diversos estados, de São Paulo ao Pará, com diferentes pautas referentes aos direitos das mulheres. Mas, em muitos países, a marcha já começou. Na Rússia, manifestantes foram presas por protestar ao lado do Kremlin com uma faixa escrita “Homens estão no poder há 200 anos, abaixo o patriarcado”. Veja a repercussão em outros países.
Irlanda
Na capital do país, Dublin, milhares de manifestantes pararam o trânsito da cidade em protesto contra a oitava emenda constitucional, que dá direito à vida ao feto e, consequentemente, criminaliza o aborto. De acordo com a lei irlandesa, todo embrião já é um cidadão e, por isso, deve ter seus direitos protegidos.
No ano de 2015, mais de 3,4 mil mulheres irlandesas viajaram à Inglaterra para ter acesso ao aborto legal e seguro. Manifestantes pedem que a escolha de terminar uma gravidez deixe de ser um luxo restrito àquelas que podem arcar com os custos da viagem e do procedimento.
Estados Unidos
Diversos estados norte-americanos aderiram ao movimento de resistência de diferentes formas. Além da marcha que vai acontecer ainda nesta quarta em diversas cidades do país, outras formas de protesto foram adotadas.
Em Nova York, a estátua de uma garota foi instalada em frente ao icônico touro de Wall Street como arte de guerrilha, para pedir mais mulheres em altos cargos corporativos de empresas do grande polo financeiro.
Em Washington, deputadas democratas deixarão a Câmara no período da tarde em solidariedade à paralisação. Muitas delas farão discursos em honra ao Dia Internacional das Mulheres e, pouco depois do meio-dia, inicia-se a greve das parlamentares.
Em Cleveland, uma livraria escondeu todos os livros escritos por autores homens para dar maior visibilidade a escritoras. As prateleiras continuarão com o trabalho de mulheres à mostra por algumas semanas como uma “metáfora para silenciar a voz masculina – pelo menos este mês”.
Escolas públicas na Carolina do Norte, Virginia e Maryland não vão ter aulas nesta quarta porque as professoras estão em greve. Ainda assim, o almoço será servido, já que muitos alunos dependem da alimentação fornecida pela escola.
Argentina
Lar do movimento 'Ni Una Menos' ('Nenhuma a menos', que significa que mais nenhuma mulher deve morrer vítima de violência), a Argentina vai começar os protestos com um “ruidaço”, em que mulheres farão barulho das janelas de suas casas e ambientes de trabalho.
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Além disso, no final da tarde, mulheres marcharão em Buenos Aires do congresso ao palácio presidencial em um movimento intitulado “Não estamos todas aqui”, em referência às mulheres que perderam suas vidas.
Itália
O presidente Sergio Matarella fez discurso chamando atenção para a “emergência social” de feminicídios no país. Ele também agradeceu mulheres por seus “esforços diários em favor de uma sociedade mais justa, acolhedora, unida e integrada”. Além disso, mulheres terão entrada gratuita em museus e outros pontos culturais.
Mais de 100 mulheres são mortas na Itália por motivações relacionadas ao gênero, na maioria dos casos, o autor do crime é parceiro ou ex-parceiro da vítima. É estimado que outros 3,5 milhões de mulheres sofram perseguição, mas só 22% delas reportem o incidente ou procuram ajuda.
Ásia-Pacífico
Na Tailândia, nas Filipinas e na Índia, países com forte histórico de machismo e patriarcado, mais de 500 mulheres participaram da paralisação de acordo com o Fórum de Leis e Desenvolvimento para Mulheres da Ásia-Pacífico (APWLD).
“Mulheres trabalhando em setores desorganizados continuam a encarar discriminação – diferença salarial, assédio sexual no ambiente de trabalho, falta de segurança social e benefícios de maternidade. Aos expressar essas opressões, nossa força se encontra na solidariedade entre os espectros”, afirmou um membro da Sociedade do Trabalho e Desenvolvimento da Índia.
Em Nova Délhi, na Índia, mais de 30 organizações femininas se uniram na marcha 'One Billion Rising' pelo fim do estupro e da violência sexual contra mulheres. Este ano, a manifestação também pede o fim da exploração de mulheres.
Polônia
Em Varsóvia, capital do país, mulheres se reuniram em frente à sede do departamento de justiça da Polônia para protestar contra a discriminação de mulheres e para lutar pelos direitos reprodutivos das mulheres.
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Em outubro de 2016 as polonesas receberam atenção mundial em manifestação contra a proibição do aborto, que veta a interrupção da gestação em quase todas as circunstâncias, inclusive em casos de gravidez resultante de estupro ou incesto.
França
Na França, a paralisação estava marcada para ter início às 15h40 no horário local (11h40 no horário de Brasília). A hora escolhida é marcante porque, por causa da diferença salarial, mulheres trabalham de graça a partir desse horário. Em Paris, manifestantes marcharão por dois quilômetros, da Place de la République até a Place de l’opera.
Oriente Médio
Uma marcha aconteceu no Líbano para marcar a luta de mulheres do Oriente Médio por direitos. Apesar do histórico da região, o Centro de Direitos Humanos no Golfo aponta 2017 como um ano de mudança para essas mulheres.
“Contra todas as probabilidades, mulheres se recusam a serem submissas, oprimidas, marginalizadas, usadas e excluídas; ao invés disso, elas encontraram força na solidariedade e no trabalho colaborativo. O começo deste ano provou como mulheres podem mobilizar seus esforços para recusar o patriarcado e desafiar o status quo”, afirmou a organização.
Austrália
Mais de mil mulheres entraram em greve a partir das 15h20, horário em que australianas começam a trabalhar sem remuneração. Em manifestação, mulheres pediam que motoristas buzinassem em nome da igualdade salarial.
Afeganistão
No Afeganistão, o Dia Internacional da Mulher será marcado pela inauguração do primeiro Centro de Proteção de Mulheres Afegãs Jornalistas, em Cabul. O objetivo do centro é “dar assistência e proteção a mulheres jornalistas, especialmente as que trabalham em áreas mais remotas do Afeganistão e estão mais vulneráveis”, de acordo com a jornalista responsável pelo projeto, Farida Nikzad.
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O centro já está trabalhando com dez jornalistas, cinco delas baseadas em zonas de conflito. De acordo com o Repórteres Sem Fronteiras, muitas mulheres foram forçadas a desistir de trabalhar na mídia como consequência da violência.