As fumaças provenientes das queimadas , especialmente do desmatamento ilegal na região amazônica, cobriram o céu do Pará nesta quarta-feira (4). O estado, que será a sede da Conferência do Clima, encontro do órgão supremo da ONU sobre mudanças climáticas (COP30) em 2025, foi o que mais registrou focos de incêndios neste ano - um total de 53 mil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo o Inpe, a estimativa é que a nuvem de fuligem que vem do estado hoje tenha uma extensão de cerca de 2 milhões de km².
O Pará está em situação de emergência devido aos incêndios. De acordo com o Inpe, eles começaram no estado em julho e, desde então, o número de focos permanece acima da média histórica mensal registrada desde 1998.
Apesar de ser o líder no ranking de focos de incêndio, o Pará não foi o único estado que sofreu com as queimadas neste ano. Principalmente entre agosto e setembro, as queimadas atingiram grande parte do território nacional.
O que diz o governo
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente alegou que, em 2024, o "governo federal mobilizou mais de 1.700 profissionais, disponibilizou 11 aeronaves, mais de 20 embarcações e mais de 300 viaturas, além de combater 578 incêndios de grandes proporções". No entanto, não explicou quando isso ocorreu e se agora vai acatar a solicitação.
A pasta também afirmou que, com a volta da fiscalização ambiental, houve queda de 30,63% no ritmo de desmatamento na Amazônia de agosto de 2023 a julho de 2024. Confira a nota na íntegra:
Os incêndios florestais no Brasil são intensificados pelas mudanças climáticas, que causa a maior estiagem no país em 75 anos. Em 2024, desde o início das ações de combate aos incêndios na Amazônia, o governo federal mobilizou mais de 1.700 profissionais, disponibilizou 11 aeronaves, mais de 20 embarcações e mais de 300 viaturas, além de combater 578 incêndios de grandes proporções. É importante ressaltar que a resposta foi iniciada em 1º de janeiro de 2023, com a criação da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas. Atualmente, 500 profissionais atuam no combate aos incêndios no Pará e no Maranhão.
O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) foi relançado em 5 de junho de 2023. Com a retomada da fiscalização ambiental, houve queda de 30,63% no ritmo de desmatamento na Amazônia de agosto de 2023 a julho de 2024, segundo estimativa do sistema Prodes, do Inpe. É a maior queda percentual em 15 anos.
Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um pacto com governadores para combater o desmatamento e os incêndios no Pantanal e na Amazônia. Em julho, foi sancionado o Projeto de Lei n° 1.818/2022, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo, previsto pela política, foi instalado pelo governo federal em 9 de outubro e já realizou duas reuniões.
O presidente Lula publicou também Medida Provisória que autorizou R$ 137 milhões para o combate aos incêndios no Pantanal, incluindo R$ 72,3 milhões para o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em setembro, foi assinada outra MP que autoriza crédito de R$ 514 milhões para o combate aos incêndios na Amazônia, incluindo R$ 114 milhões para o MMA. Uma terceira MP, assinada em novembro, flexibiliza a transferência de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para estados e municípios em regiões com emergência ambiental, priorizando agilidade no combate aos incêndios.