Os países participantes da COP28, em Dubai, aprovaram nesta quarta-feira (13) um acordo que fala em reduzir gradativamente o uso de combustíveis fósseis para que o mundo alcance a neutralidade de carbono até 2050, mas que não se compromete com prazos para eliminar a utilização de fontes de energia sujas.
Essa é a primeira vez na história que um documento chancelado na cúpula climática da ONU cita explicitamente os combustíveis fósseis, cuja queima é a principal causa do aquecimento global provocado por atividades humanas.
"Colocamos as bases para a transformação", disse o presidente da COP28, Sultan Al-Jaber, ao abrir a sessão plenária com os delegados dos países, que estenderam a conferência em um dia para alcançar um acordo.
"As futuras gerações vão nos agradecer, não conhecerão nenhum de vocês, mas serão gratos por essa decisão", garantiu Al-Jaber.
O texto pede para todas as nações fazerem uma "transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de maneira justa ordenada e equitativa", acelerando as ações "nesta década crucial para zerar as emissões líquidas de carbono em 2050", em linha com o percurso para limitar o aquecimento global neste século a 1,5ºC em relação aos patamares pré-industriais.
Entre as iniciativas indicadas estão "triplicar a capacidade de energias renováveis em nível global", "duplicar a média mundial de eficiência energética até 2030" e acelerar os esforços para a redução gradual da energia produzida por combustíveis fósseis que não sejam compensados com tecnologias de captura e estocagem de carbono.
Durante a COP28, ambientalistas e dezenas de países pressionaram pela inclusão de um cronograma para eliminação dos combustíveis fósseis, especialmente nações insulares ameaçadas pelo aumento do nível dos mares, mas essa proposta foi barrada por Estados sustentados pelo petróleo, como a Arábia Saudita.
"O texto revisado representa uma melhora, mas a janela mundial para manter vivo o 1,5ºC está se fechando rapidamente, e acreditamos que o documento não fornece o equilíbrio necessário para corrigir a rota da mudança climática", disse a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), que reúne 39 países de quatro continentes.
Ainda assim, o acordo também recebeu elogios. "É um resultado extraordinário", comemorou o enviado dos Estados Unidos para o Clima, John Kerry.
"Parabéns à COP28! O acordo de hoje marca o início da era pós-fóssil", reforçou a presidente do poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen.
Já o ministro do Meio Ambiente da Itália, Gilberto Pichetto, disse que o texto é "equilibrado e aceitável para essa fase histórica, caracterizada por fortes tensões internacionais que pesam sobre o processo de transição".
"Sobre as fontes fósseis, buscamos um ponto de referência mais ambicioso, mas no acordo há uma mensagem clara para acelerar rumo a seu progressivo abandono, reconhecendo seu papel transitório", acrescentou.