O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, reconheceu nesta terça-feira que não houve integração entre o trabalho das Forças Armadas e os órgãos e fiscalização ambiental no combate ao desmatamento da Amazônia. Ele também disse que é preciso recuperar a "capacidade operacional das agências ambientais", por meio de concursos públicos e instalação de bases em locais mais afastados. Mourão participou de reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), órgão que ele comanda.
Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que a área desmatada na Amazônia Legal no período 2020/2021 foi de 13.235 km², a pior em quinze anos, encadeando uma tendência de alta que já dura quatro anos.
Questionado se as Forças Armadas, que atuaram no combate do desmatamento, falharam, Mourão respondeu que elas não são uma agência de fiscalização, criando na verdade o as condições para que tais agências possam trabalhar.
— O que eu observei: na primeira fase essas operações, que foram se encerrar em abril este ano, não houve essa verdadeira integração entre o trabalho das Forças Armadas e as agências ambientais. Consequentemente, as Forças Armadas realizaram operações de cerco, fizeram apreensões de material, mas não havia a presença do agente que realmente era capaz de emitir a multa, de realizar a verificação em detalhe. Quando ocorreu a segunda fase, a maior parte dela já foi a partir de agosto, fora do círculo Prodes [o monitoramento do desmatamento feito pelo Inpe], aí essa integração funcionou. E consequentemente os resultados foram muito melhores, exceção feita a outubro, quando as Forças Armadas já não estavam participando das operações. Essa é a minha análise para o resultado ter sido tão ruim — disse Mourão.
Ele também destacou que é preciso recuperar as agências ambientais:
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— É fundamental a recuperação da capacidade operacional das agências ambientais. O que é a recuperação da capacidade operacional? É mais pessoal, então foi autorizado concurso para mais 700 agentes, mas também são meios materiais, porque esses grupos não podem ficar baseados lá na cidade, tento que deslocar de Belém para fiscalizar em Novo Progresso, a 800 m de distância. Temos que estar com esse planejamento pronto, porque a partir do momento em que começam a aparecer os indícios de que ocorrerão fontes e financiamento internacionais para esse combate, nós temos que ter o pacote pronto e dizer: "olha, nós precisamos é disso".
Questionado sobre a ausência dos ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Justiça, Anderson Torres, que não participaram da reunião, Mourão respondeu:
— É lógico que o ministro é importante, porque é o cabeça obviamente do ministério, mas estando presente aquela pessoa que é efetivamente responsável pela atividade, para mim é o suficiente. E os que estavam presentes são aqueles que trabalham no planejamento, nessas operações de combate.