RIO — As queimadas no Pantanal em 2020 destruíram o equivalente a 444 hectares de vegetação por hora, o equivalente a 444 campos de futebol, segundo levantamento divulgado esta terça-feira pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ. No ano passado, os incêndios destruíram cerca de 26% do bioma, e há sinais de que, nos próximos meses, a situação será ainda pior.
De acordo com a plataforma do Lasa, que é atualizada diariamente, cerca de 100 hectares do Pantanal do Mato Grosso foram queimados entre 14 e 18 de junho. Trata-se de quase o dobro do registrado no mesmo período em 2020 (55 hectares).
As informações do laboratório da UFRJ foram usadas no ano passado por brigadistas do Ibama e do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, onde está localizado o Pantanal. O rastreamento das queimadas permitiu a realização de perícias sobre a origem e o deslocamento do fogo, além da avaliação de ameaças às propriedades, à população e aos recursos naturais.
— A maior parte dos incêndios ocorreu fora das unidades de conservação e terras indígenas, mas estas localidades foram vitimadas pelo fogo — sublinha Renata Libonati, coordenadora da Lasa/UFRJ. — A ação humana está por trás das queimadas, seja por uma via acidental, como fogueiras que saíram de controle, ou por um motivo intencional, como queima de pastagem e desmatamento.
Segundo Libonati, a estiagem no Centro-Sul do país é “semelhante ou talvez pior” do que no ano passado, e não há perspectiva de que ela diminua de intensidade.
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— Temos condições meteorológicas bastante favoráveis ao espalhamento do fogo. A vegetação está seca. Mas não podemos culpar só o clima. A ação humana é a responsável pela ignição. Por isso é preciso realizar planos de manejo, diminuindo o material combustível, e aumentar a fiscalização contra atividades ilegais — explica a pesquisadora.
O monitoramento constatou que algumas áreas queimadas no ano passado já estão se regenerando, mas permanecem vulneráveis a incêndios:
— Além disso, mais de 70% do Pantanal não foi devastado em 2020. Está, então, exposto a queimadas este ano. É necessário direcionar mais esforços para a prevenção de incêndios, e não apenas para seu combate.
A pesquisa do Lasa sobre as queimadas, iniciada no ano passado, será refinada na atual estação seca. Entre 2020 e 2021, a área monitorada pelo laboratório aumentou 118%, de 28 para 61 milhões de hectares — além do Pantanal, o levantamento também abrange o Cerrado e o estado de Roraima, onde está um trecho da floresta amazônica.