Frances Haugen fala sobre controle das 'Fake News' na Câmara dos Deputados em Brasília 05.07.2022
Reprodução Tv Câmara: 05.07.2022
Frances Haugen fala sobre controle das 'Fake News' na Câmara dos Deputados em Brasília 05.07.2022

A cientista de dados, Frances Haugen, conhecida por divulgar dados da plataforma à veículos de imprensa no caso considerado o maior escândalo das Big Techs, o 'Facebook Papers', falou nesta terça-feira (05) na Câmara dos Deputados em Brasília. Haugen apresentou preocupação com falta segurança que a rede social apresenta no controle de divulgação das 'Fake News'  no período de eleições no Brasil.

"Quando eu trabalhei na equipe de ameaça de inteligência, só havia 17 pessoas na empresa inteira como responsáveis em olhar os resultados e derrubar aquelas redes [falsas]. Agora o Facebook não vai nos dizer quantas pessoas daquele time de 17 funcionários estão analisando as eleições brasileiras?", questinou ao saber o Meta não enviou representante para reunião. 

Para Haugen, o Brasil merece o mesmo nível de investimento que as eleições americanas passadas, onde se criaram mecanismos para impedir a desinformação. Mas é sincera ao dizer, "se houver uma ou duas pessoas trabalhando nas eleições brasileiras eu estaria surpresa". 

O Facebook tinha conhecimento sobre a disseminação de notícias falsas já nas eleições passadas. "Eles tinham 35 medidas para a eleição [2020 nos EUA]. Mas eles desligaram essas medidas depois das eleições. E então às 5 da tarde de 06 de janeiro, esses ainda estavam desligadas e demorou só um dia para ligarem todos de novo, temos documentos que eles ligaram novamente", disse.  

De acordo com Haugen, o Facebook [agora Meta] tem tecnologia para identificar 'comportamento inautentico coordenado' , as chamadas operações de informações ou operações de influência , mas isso requer que pessoas acompanhem essas informações, antes de derrubar essas redes que disseminam informações falsas, por exemplo.

Alerta para 100 mil possíveis contas falsas no Facebook no Brasil

Frances Haugen tem 38 anos, é formada em engenharia de dados e tem mestrado em negócios em Harvard. Durante 15 anos trabalhou para empresas como Google e Pinterest. No Brasil, a americana disse que Facebook conta com 100 mil usuários possivelmente falsos que 'convidam cerca de 100 novos amigos por dia'. Porém afirma que a empresa não tomou medidas para banir essas contas da sua rede. 

"Isso é uma alerta para contas robôs. O que são parte das operações de desinformação. O fato que esse nível de abuso possa acontecer no Brasil não está ativamente buscando essas redes coordenadas de influência. o Facebook sabe como reduzir os 'spammers', as redes de influência, mas eles escolheram não usar isso", disse. 

O Facebook se negou a responder às solicitações de informações feitas pelos deputados. Como por exemplo, questionamentos relativos ao número de pessoas monitorando atualmente o fluxo de conteúdos falsos ou contas de robôs. Convidado a participar do encontro a Big Tech enviou uma justificativa pela ausência do representante da empresa. 

'Facebook Papers'

Os documentos vazados pela jovem são analisados por um consórcio de empresas jornalísticas no Brasil e no exterior. Entre as publicações, sabe-se que conteúdos políticos publicados no Facebook são a principal fonte de desinformação no Brasil, suscetível à exposição de conteúdos com incitação à violência, discurso de ódio e de organizações criminosas.

Vilão Whatsapp

Entre as medidas implementadas para melhorar o controle à desinformação, Haugen citou o limite de compartilhamentos imposto nos conteúdos do Whatsapp. Para ela, o limite de cinco pessoas ainda é tímido e ineficaz. "Quando esse compartilhando pula do primeiro para o segundo e terceiro, essa ligação entre quem produziu o conteúdo e quem recebeu já se perde", conclui. 

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