O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu hoje com reitores de universidades federais no Palácio do Planalto, onde anunciou R$ 5,5 bilhões em investimento na educação. O encontro, porém, não deve afetar as greves de professores e técnicos em instituições federais em todo o país.
O governo anunciou mais verbas para as universidades, mas os sindicatos de professores e funcionários em greve reclamam da falta de diálogo e esperam uma proposta melhor de reajuste salarial e de carreira.
Investimento
O governo federal anunciou um investimento significativo de R$ 5,5 bilhões em obras do PAC destinadas à educação superior. Desse montante, R$ 3,77 bilhões serão alocados para as universidades federais (sendo R$ 3,17 bilhões destinados a obras de consolidação, que englobam aquelas previamente planejadas, e R$ 600 milhões direcionados a obras de expansão), e R$ 1,75 bilhão para os hospitais federais. Ainda, foi anunciada a criação de 10 novos campi, abrangendo todas as regiões do país.
As cidades que receberão esse dinheiro são:
- São Gabriel da Cachoeira (AM)
- Cidade Ocidental (GO)
- Rurópolis (PA)
- Baturité (CE)
- Sertânia (PE)
- Jequié (BA)
- Ipatinga (MG)
- São José do Rio Preto (SP)
- Caxias do Sul (RS)
No total, 338 obras já estavam planejadas, das quais 223 são novas, 20 estão em andamento e 95 foram retomadas. As novas construções correspondem a um investimento de R$ 1,5 milhões do total anunciado.
Durante a cerimônia, o ministro da Educação, Camilo Santana , anunciou um acréscimo de mais R$ 400 milhões para custeio de universidades, distribuídos em R$ 279,2 milhões para universidades e R$ 120,7 milhões para os institutos federais.
O ministro também afirmou que o orçamento das universidades em 2024 será de R$ 6,38 bilhões, enquanto os institutos federais receberão um total de R$ 2,72 bilhões.
Greve
Segundo a Andes (sindicato nacional dos docentes das instituições de ensino superior), 62 instituições de ensino superior federal estão atualmente em greve, e mais 3 devem parar nesta segunda-feira (10). Os professores estão exigindo reajustes salariais e uma reestruturação de carreira que superem as propostas do governo.
Por outro lado, o Ministério da Gestão e Inovação declarou que encerrou as negociações com os professores com a proposta apresentada em 15 de maio. Além dos aumentos salariais, o Ministério também sugeriu alterações nas carreiras, com um impacto financeiro estimado em R$ 6,2 bilhões até 2026.
Participaram do encontro a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica). No entanto, esses grupos têm pouca influência sobre o início ou fim das greves, pois são órgãos de direção das instituições de ensino.
As entidades representativas dos professores não estiveram presentes e reclamam, nos bastidores, da falta de diálogo e interlocução direta com Lula.
Há críticas também ao fato de Lula não receber entidades mais representativas do setor, que tentam alcançá-lo por meio dos participantes do encontro. O ponto central para os professores em greve é o salário. Mais verba para as universidades não resolve a questão. Entidades insatisfeitas com a proposta de reajuste do governo, como a Andes e a Sinasefe, não foram convidadas.
Os sindicatos veem o presidente como distante e acusam-no de abandonar o compromisso com o setor, que o apoiou nas eleições. Há frustração com o governo por "priorizar" a Proifes, única entidade que aceitou a proposta do Executivo para reajuste e reestruturação de carreira. A Proifes justificou sua decisão em seu site oficial, alegando que foi a opção menos pior.
“Foi opção mais acoplada na ideia do “melhor do pior”, do que apostar numa negociação que não teria resultados práticos, tendo em vista que o governo já definiu —e não só para a categoria da Educação—, que o orçamento de 2024 estava esgarçado até o limite”, diz a entidade em sua página.
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