A evasão escolar é uma tragédia silenciosa que amplifica desigualdades sociais e impacta a economia brasileira. Pesquisa ‘Combate à evasão no Ensino Médio: desafios e oportunidades”, da Firjan SESI, em parceria com o PNUD traz um amplo painel de dados que mostra que meio milhão de jovens acima de 16 anos abandonam a escola a cada ano. O problema é mais grave quanto mais vulnerável for a população: só 46% da camada social 1/5 mais pobre conclui o Ensino Básico.
De forma geral, 6 a cada 10 brasileiros concluem o Ensino Médio até os 24 anos. Se essa taxa se igualasse à do Chile (93,4%) o custo evitado para o país seria de R$ 135 bilhões por ano, segundo cálculos inéditos do estudo da Firjan SESI, com base em metodologia desenvolvida por Paes e Barros.
“Atrair e reter mais alunos no Ensino Médio é urgente. O Brasil está em grande desvantagem em relação a outros países. Temos que avançar, não andar para trás. É uma tragédia que tantos jovens não terminem os estudos: a evasão escolar é uma âncora que prende esses jovens em um ambiente de pobreza, os impede de se inserir de forma produtiva no novo mundo do trabalho e afunda o Brasil. Precisamos encarar a solução para esse problema como prioridade para que o país cresça de forma sustentável e com menos desigualdade social”, afirmou Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Para contribuir no combate da evasão no Ensino Médio , a Firjan SESI firmou parceria estratégica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Graças a essa parceria foi possível reunir quase 100 experiências nacionais e internacionais para que sirvam de referência e inspiração para gestores públicos.
"O estudo é a primeira etapa de uma parceria mais ampla, que prevê ainda a realização de discussões e a elaboração de cadernos temáticos sobre o tema", acrescentou Katyna Argueta, representante residente do PNUD no Brasil.
Apoio financeiro a alunos da baixa renda
Distorção idade-série, baixo aprendizado, desigualdade social e econômica, falta de orientação sobre carreiras e, como consequência, um baixo engajamento dos alunos com os estudos. Esses são alguns dos principais obstáculos a serem vencidos na luta contra a evasão de jovens do Ensino Médio brasileiro - caracterizado pela baixa qualidade do ensino e elevadas taxas de reprovação e evasão .
“Identificamos iniciativas que podem contribuir de maneira decisiva para o combate à evasão, como apoio financeiro para pagamento de bolsas para manter ou atrair de volta à escola alunos de baixa renda; ambientes de aprendizagem inovadores e acolhedores que mantenham os jovens motivados; apoio à gestão escolar e valorização dos professores; projetos de ajuda à transição para o mundo do trabalho que conjugam estudo com o início de uma experiência profissional; apoio psicológico e à aprendizagem, entre outros”, elencou professora Andrea Marinho, assessora e coordenadora técnica do estudo pela Firjan SESI.
Boas práticas
Entre os casos de sucesso, há o ‘Becoming a Man’, de Chicago (EUA), que proveu os estudantes de áreas mais pobres com apoio psicológico para evitar a tomada de decisões precipitadas que os colocassem em risco. O resultado reduziu as prisões entre 28 e 35% e aumentou a taxa de conclusão do Ensino Médio em 19%. No Rio de Janeiro, entre 2011 e 2016, o ‘Renda Melhor Jovem’ remunerava os alunos em R$ 700 ao término do 1º ano do Ensino Médio. O valor aumentava a cada ano a mais concluído. O índice de evasão foi reduzido em 33% entre o público-alvo de baixa renda.
Retrato da evasão e desigualdade:
- 46% dos alunos do 1/5 mais pobre da população concluem o Ensino Médio X 94% dos estudantes do 1/5 mais rico;
- 12,3% dos brasileiros aos 15 anos têm habilidades suficientes em Matemática X 48,2% dos países da OCDE*;
- 60,37% completam o Ensino Médio até 24 anos no Brasil X 93,4% no Chile;
- 135 bilhões de reais: ganho econômico por ano no BR se taxa de conclusão do EM fosse igual à chilena.
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