Desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu o Poder Executivo em janeiro de 2019, o Ministério da Educação já teve cinco representantes. Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli, Milton Ribeiro e Victor Godoy são os nomes que estamparam a pasta, que já foi motivo de várias polêmicas ao longo da gestão de Bolsonaro.
Vélez, o primeiro ministro, teve uma gestão de apenas três meses - mas recheada de acontecimentos. Com a sua saída, assumiu Abraham Weintraub, que deixou a função em junho de 2020, em razão da escalada da crise institucional causada por suas declarações contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
No lugar de Weintraub entra Carlos Decotelli, que pediu demissão com apenas cinco dias no cargo, após denúncias de irregularidades em seu currículo.
O pastor presbiteriano Milton Ribeiro ficou na pasta até março deste ano, após a divulgação de um áudio em que ele afirma que o governo federal prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas a dois pastores.
O último ministro escolhido por Bolsonaro é Victor Godoy, que foi 'oficializado' pelo mandatário em abril - mas já comandava a pasta de forma interina desde a saída de Milton Ribeiro.
Com tantos acontecimentos impedindo o seu desenvolvimento, o Ministério da Educação acumula uma série de atrasos e polêmicas. A repórter Carla Rocha, do jornal O Globo, listou os cinco principais retrocessos que o Brasil enfrenta no setor educacional.
Política educacional sem rumo
Durante sua gestão, o presidente Jair Bolsonaro já nomeou cinco ministros da Educação: Ricardo Vélez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli, Milton Ribeiro e recentemente Victor Godoy Veiga. Para especialistas, a falta de continuidade na gestão da área prejudica
Queda nos recursos
Levantamento do GLOBO mostrou que o país tem gastado menos em educação, da creche à universidade. Somente na educação básica a queda na aplicação de recursos foi de 13%, sobretudo em investimentos. Enquanto o ensino fundamental e médio tiveram R$ 6,9 bilhões em 2020, este ano devem ficar com R$ 6 bilhões. Um antigo programa voltado para a educação de jovens e adultos com atrasos ou sem acesso ao ensino, o EJA, sofreu o maior corte: 94%, com verba despencando de R$ 76 milhões em 2018 para apenas R$ 4 milhões este ano.
ENEM
Uma das principais portas de entrada para universidades do país, principalmente públicas, tem atravessado uma série de crises. Além de acusações de tentativas de interferência política feitas contra o governo federal por servidores do Inep, que organizam as provas, a pandemia também teve impacto sobre a participação dos estudantes. Uma situação que foi agravada pelo MEC que proibiu alunos isentos da taxa de inscrição em 2020, e que não compareceram, de obter nova gratuidade em 2021, o que contribuiu para a queda no número de inscritos. Muitos alegaram não ter comparecido por conta da quarentena. Em 2019, o Enem teve 6,3 milhões de candidatos, em 2020, 6,1 milhões, em 2021, 4 milhões e, em 2022, 3,1 milhões.
Tráfico de influência
Este ano, denúncias de que haveria um gabinete paralelo no MEC derrubou o ministro Milton Ribeiro. O ministério estaria sendo frequentado por pastores evangélicos que intermediariam a liberação de recursos para prefeituras de aliados políticos. Ribeiro, que também é evangélico, chegou a ter bíblias produzidas com recursos públicas com fotos suas. Os principais acusados de fazerem lobby eram os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles negaram as acusações. Para reduzir o desgaste político provocado pelo caso, o presidente Jair Bolsonaro, mesmo a contragosto, afastou o ministro. Bolsonaro chegou a afirmar que "botava a cara no fogo" por Ribeiro.
Batalha ideológica
O MEC está dividido pela imposição da pauta bolsonarista, que envolve a criação de escolas cívico-militares, cujo orçamento foi triplicado como mostrou reportagem do GLOBO, e a ampliação da educação a distância. O pontapé desse projeto conservador foi dado por Ricardo Vélez, primeiro ministro do MEC da atual gestão, que foi indicado por Olavo de Carvalho, o ideólogo de Bolsonaro que morreu em janeiro deste ano. Até mesmo o conteúdo das provas de acesso às universidades virou um cavalo de batalha. Servidores do Inep, que organizam o Enem, denunciaram terem sofrido pressões internas para substituir nas provas o termo "golpe" por "revolução" de 1964.
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