Prédio do Inep, órgão responsável pelo Enem
Reprodução/Inep
Prédio do Inep, órgão responsável pelo Enem

A indicação do coronel da Aeronáutica Alexandre Gomes da Silva para a diretoria que cuida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) causou surpresa e apreensão nos servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) devido à falta de experiência do militar na área educacional.

O corpo técnico do órgão teme que Silva tenha sido indicado pelo ministro da Educação (MEC), Milton Ribeiro, para exercer um controle inadequado nas questões do Enem . Ele era assessor parlamentar, lotado no gabinete do ministro, antes de ser conduzido ao cargo de diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep nesta sexta-feira.

Segundo resumo do currículo divulgado pelo MEC, Silva atuou como piloto, investigador de acidentes aéreos, na área de comunicação, e no setor de relações institucionais da Presidência da República. Foi também assessor parlamentar do Ministério da Defesa. Tem formação em Ciências Aeronáuticas pela Academia da Força Aérea (1991), pós-graduação em Segurança da Aviação e Aeronavegabilidade Continuada pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (2013) e especialização em Gestão Estratégica de Pessoas pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004).

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A falta de experiência do coronel na área de educação, sobretudo em uma diretoria responsável por avaliações em escala nacional, causa preocupação entre os servidores do Inep. Eles já esperavam um militar para a diretoria, mas previam que fosse alguém com algum histórico profissional em gestão escolar — ainda que com atuação restrita em escolas militares ou com currículo ligado ao tema. Milton Ribeiro vem se cercando de pessoas ligadas às Forças Armadas como uma forma de fazer uma rede de apoio no governo.

O posto ocupado por Silva teria sido mais um motivo de desgaste na relação do ex-presidente do Inep, Alexandre Lopes, com o ministro da Educação. Depois da morte do diretor anterior, Carlos Roberto Pinto de Souza, por Covid-19, Lopes passou a defender um perfil mais técnico par o cargo, mas Ribeiro não abriu mão de escolher o indicado e demitiu o então presidente do instituto na semana passada.

Outros problemas são apontados por interlocutores da pasta, como a insatisfação do ministro com mudanças propostas por Lopes no sistema de avaliação do ensino superior e com o alto índice de abstenção no Enem 2020, realizado em meio à pandemia.

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