Cerca de 130 mil pessoas fazem neste domingo (24) o vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que dá acesso à USP. Na Cidade Universitária, o principal campus da universidade, no Butantã, zona oeste de São Paulo, tudo transcorreu bem até o fechamento dos portões. Na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), uma pessoa chegou atrasada.
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Em um dia atípico, não houve uma operação especial de transporte na Cidade Universitária, que já não costuma ser um local de fácil acesso. Aos domingos o local costuma ser muito pouco frequentado, a exceção dos grupos de corrida e dos ciclistas. Hoje, no entanto, 5.285 pessoas estavam inscritas para realizar a prova nos diversos institutos. Mesmo assim, apenas nove ônibus circulavam no campus, três de cada uma das linhas circulares que ligam o Terminal Butantã e a USP.
No Terminal Butantã, às 11h30, duas pessoas identificadas como agentes da Fuvest davam informações sobre como chegar ao local de prova. As filas para os ônibus eram pequenas, mas os cobradores previam uma volta caótica, uma vez que todos iam sair ao mesmo tempo e a frota de veículos era reduzida.
Antes da prova, a maior parte dos que aguardavam tanto na frente da FEA como no prédio do Biênio, na Escola Politécnica, mantinha os olhos fixos no celular. Algumas conversas baixas giravam invariavelmente em torno de três assuntos: outros vestibulares, uma última revisão para a prova ou os planos para o futuro.
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Sonho, orgulho e nervosismo
Duas palavras definem a melhor universidade do Brasil para quem presta a prova: sonho e orgulho. Quem tenta uma vaga enxerga a possibilidade de estudar na USP como um grande sonho próprio. O orgulho é o sentimento que darão às suas famílias.
O discurso geral é de tranquilidade, mas as pernas inquietas e os olhares apreensivos não escondem a tensão do momento.“O resultado do dia de hoje muda um botão. Tem o poder de mudar o caminho da sua vida”, define Emiko Hirata, de 54 anos, mãe de um estudante que está prestando Engenharia.
Hoje ela veio trazê-lo e volta mais parte para buscá-lo, mas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) passou 6 horas do lado de fora esperando por ele. Ela justifica a espera pela expectativa e a energia que acredita transmitir. “Dá a impressão que a gente está compartilhando esse momento”, explica.
Ao chegar com seu filho, Emiko aproveitou um “abraço grátis” que era oferecido por Rebeca. A jovem de 17 anos veio com outros quatro amigos oferecer apoio a quem presta a prova. Na porta da FEA, os cinco jovens da Igreja Presbiteriana de Pinheiros empunhavam cartazes que ofereciam orações. “A gente achou importante dar uma moral e também falar de Jesus que é uma forma de acalmar”, diz Giovanna, outra das adolescentes do grupo.
Várias tentativas
Por vezes, o sonho de estudar na melhor universidade do Brasil demora a chegar. Beatriz Mesquita, de 21 anos, está prestando o vestibular pela quarta vez. O curso, porém, ela guarda como segredo. “Só minha mãe e meu irmão sabem”, conta. Ela, que mudou a escolha de carreira neste ano, explica que está com uma expectativa boa, mas não quer atrair negatividade.
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Iury Peixoto, de 22 anos, por sua vez, não tem medo de dizer que deixou o sonho da Medicina, alimentado nos últimos quatro anos de cursinho, para trás. Este ano, Iury, que veio de Goiânia para fazer a prova, aposta em Direito. Confiante, ele diz que como estudava para Medicina, já sai na frente em um curso menos concorrido. Em 2019, o curso de Medicina em São Paulo teve 129,46 inscritos para cada vaga, enquanto no de Direito a relação era de 24,07 para um.