Em um vídeo publicado em sua conta do Twitter, nessa segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai mudar o patrono da educação no Brasil. Hoje, o título é conferido a Paulo Freire, educador amplamente criticado pelos apoiadores do presidente.
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Em Ribeirão Preto, onde participou de um evento de agronegócio, Bolsonaro concedeu uma entrevista à uma menina de oito anos, Esther Castilho, dona do canal do Youtube "Esther e os Famosos". Durante a conversa, o presidente defendeu uma mudança no título, sem citar diretamente o nome de Paulo Freire .
"Quem sabe nós temos uma patrona da educação, não mais um patrono muito chato. Não precisa falar quem é, que temos até o momento, que vai ser mudado. Estamos esperando alguém diferente", defendeu.
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O educador ganhou o título em 2012, após a aprovação de um projeto de lei da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP). Uma alteração teria que ser aprovada pelo Congresso. Em 2017, a ação popular que pedia a revogação do título foi rejeitada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.
Freire faleceu em 1997 e dedicou parte de sua vida à alfabetização e à educação da população pobre. Um estudo de 2016 na London School of Economics afirma que sua obra, "A Pedagogia do Oprimido", é a terceira mais citada em trabalhos de humanas. Ele também é o único brasileiro na lista dos cem mais importantes para universidades inglesas.
No entanto, o legado de Freire vem sendo alvo de Bolsonaro e seus apoiadores desde o início da campanha presidencial. O ministro da educação Abraham Weintraub defendeu, em sua cerimônia de posse, que os baixos indicadores de educação no Brasil estariam relacionados à metodologia do educador.
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No início de abril, o deputado Heitor Freire (PSL) protocolou um projeto de lei para tirar o título de patrono da educação de Paulo Freire . Algumas horas depois do presidente publicar o vídeo com a entrevista, a deputada Carolina de Toni (PSL-SC) também apresentou uma proposta com o mesmo tema.