Alfabetização em escolas da educação básica voltará a ser avaliada somente em 2021, segundo decidiu o MEC
Arquivo/MEC
Alfabetização em escolas da educação básica voltará a ser avaliada somente em 2021, segundo decidiu o MEC

A avaliação dos avanços da alfabetização na educação básica do País foi suspensa e só voltará  a ser realizada em 2021. A medida consta de portaria sobre o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), cujas diretrizes foram publicadas no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (25), pelo Ministério da Educação (MEC).

O Saeb é realizado a cada dois anos e, de acordo com os últimos resultados, captados em 2017 , a maioria dos alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentava nível de alfabetização insuficiente. Agora, com a decisão do MEC, haverá um buraco de quatro anos nas medições sobre o desenvolvimento dos alunos na aprendizagem de ler e escrever.

A decisão de não realizar a avaliação neste ano contraria o que havia sido definido no fim do ano passado, no então governo de Michel Temer (MDB). A administração anterior pretendia aplicar as provas aos alunos do 2º ano do ensino fundamental (e não mais do 3º) e também avaliar o conhecimento dos alunos do 9º ano com provas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

Esses testes aos alunos do 9º ano serão aplicados entre 14 e 25 de outubro deste ano, mas a poucos estudantes. O governo atual decidiu trabalhar com um resultado por amostragem, cujos parâmetros ainda serão definidos. 

Segundo o Inep, o motivo para a não aplicação das provas para medir o aprendizado dos alunos em ler e escrever é a necessidade de dar tempo às escolas se adaptarem à  nova Base Nacional Comum Curricular (que determina o que as escolas devem ensinar).

Além disso, também passará a ser implantada agora a nova Política Nacional de Alfabetização , que é considerada uma das prioridades para os primeiros 100 dias de governo Jair Bolsonaro (PSL) e está a ponto de ser anunciada pelo governo. De acordo com o MEC, essa nova diretriz é "eficaz" e "baseada em evidências científicas, ou seja, na ciência cognitiva da leitura". O modelo é inspirado em políticas adotadas nos Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e França.

A minuta sobre o tema, definida por um grupo de trabalho armado pelo ministro Vélez Rodríguez, ainda não foi divulgada. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo , que teve acesso ao texto, a proposta do governo para ensinar as crianças a ler e escrever prioriza o chamado método fônico, que se baseia em concentrar a atenção das crianças na relação entre letras e sons para, só depois, chegar à leitura em si.

A publicação das diretrizes para o Sistema de Avaliação da Educação Básica estava atrasada, assim como outras ações do Ministério da Educação também têm enfrentado dificuldades para avançar num momento em que a pasta se encontra em ebulição. Com danças das cadeiras quase que semanais , o ministério tem sido palco de embates entre militares, técnicos e os chamados 'olavistas', que são ex-alunos do ideólogo Olavo de Carvalho.

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