Redação do Enem 2018 pode ter obesidade infantil e preconceito linguístico como possíveis temas, dizem especialistas
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Redação do Enem 2018 pode ter obesidade infantil e preconceito linguístico como possíveis temas, dizem especialistas

A redação é uma das provas mais importantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porque, diferente das outras, esta vale 1000 pontos, enquanto as avaliações sobre ciências da natureza, ciências humanas, matemática ou linguagens variam de acordo com o peso da questão. Por isso, se dedicar para garantir uma boa nota na redação do Enem pode ser uma ótima estratégia para quem vai prestar a prova.

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Entre as principais preocupações dos candidatos que farão a redação do Enem , ter em mente quais serão os possíveis temas pode ajudar a conquistar a nota desejada. “O importante é deixar claro que o Enem tem por característica abordar sempre questões relacionadas a minorias, tanto que, em 2017, abordou a temática de educação dos surdos”, lembrou a professora de produção textual do colégio Mopi, Tatiana Câmara Nunes.

A educadora também chama a atenção para as competências exigidas pelo Manual de Redação, que são consideradas na hora da correção do texto.

“Para o candidato, o que importa não necessariamente é saber o tema com antecedência, mas sim ter a preocupação, principalmente, com o aspecto do repertório cultural e tratar da proposta de intervenção, levando em conta os elementos que a compõe. No mais, agora é investir em muita leitura e prática textual”, recomenda.

Para não ser pego de surpresa na hora de fazer a prova, que acontece este domingo (4), confira dicas de assuntos que podem ser tema da redação do Enem 2018 .

Temas que podem cair na redação do Enem

Fake news também é uma das apostas dos professores para ser o tema da redação do Enem nesta edição
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Fake news também é uma das apostas dos professores para ser o tema da redação do Enem nesta edição


  • Fake news: a responsabilidade social pela notícia

Para Nunes, o assunto está em voga e se tornou uma grande questão nos tempos de hoje. “Apesar de ser um tanto óbvio demais, o aspecto a ser considerado como proposta seria uma abordagem ‘não clichê’ do tema, pois o assunto é sério e muitas pessoas não se deram conta ainda de como ‘as fakes’ podem comprometer e causar prejuízos incalculáveis”.

O professor de redação do sistema de ensino pH, Thiago Braga, também aposta nesse tema, tendo em vista o ano de eleição, principalmente depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos, “forjadas por notícias falsas”, segundo ele.

“Hoje temos uma série de comportamentos sociais que são diretamente influenciados por fake news, como o movimento de vacina. Outro ponto interessante para abordar são os aspectos políticos do tema. O aluno também pode falar sobre a irresponsabilidade de quem produz as fake news e essa ingenuidade na população brasileira”, sugere Braga

 O consultor pedagógico Vinicius Beltrão, do SAS Plataforma de Educação, aposta no assunto devido à ampla repercussão do assunto nas redes sociais e imprensa. “A divulgação de notícias falsas tem sido apontada por especialistas como um mecanismo de controle social e essa pode ser uma boa linha argumentativa para os alunos”, pontua.

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  • Suicídio e bullying nas escolas: alerta social

“Seria uma possibilidade, pois, na realidade, esse tema aborda dois pontos cruciais na sociedade de hoje e quem vêm sendo debatidos incansavelmente em diferentes meios: solidariedade e a prevenção do suicídio”, afirma Nunes.

O número de suicídios no Brasil aumentou consideravelmente de nos últimos anos. A campanha “Setembro amarelo” foi criada, inclusive, no sentido de dar voz a essas pessoas que precisam de ajuda imediata.

“Em paralelo, a questão da solidariedade é sempre uma boa pedida como temática de conscientização social, além de ser uma ideia interessante para avaliar o nível de envolvimento e de conhecimento do candidato, principalmente, no que diz respeito à elaboração da proposta de intervenção exigida pela banca de Redação do Enem”, completou.

Já Braga aposta no bullying nas escolas, por ser uma discussão altamente relevante para o contexto escolar. “Depois dos casos recentes que aconteceram no país, parece um grito incontido dentro das escolas e um assunto pouco discutido.”

Ele ainda ressalta a importância de abordar na redação as causas de quem pratica o bullying, e trazer exemplos concretos como o caso do menino de Goiás que atirou nos colegas, um assunto de relevância nacional e cronologicamente próximo.

  • Obesidade infantil ou doenças erradicadas e vacinas: casos de saúde pública brasileira

De uns tempos para cá, a obesidade infantil como um reflexo da falta de atenção dos pais em relação à alimentação dos filhos tem sido um assunto muito debatido e pode ser tema da redação .  “Isso se dá por diferentes causas, mas uma delas está atrelada à vida nos dias atuais. O dia a dia intenso acaba não permitindo que muitos pais acompanhem mais de perto a rotina alimentar dos filhos”, disse a professora do Mopi.

“Com isso, a criança acaba optando por alimentos não saudáveis. Ao lado disso, há uma propaganda forte de lojas de ‘fast food’ nas mídias, o que também influencia as crianças. Dessa forma, esse quadro nada interessante pode trazer consequências seríssimas para esses meninos e meninas.”

“É um tema possível porque nos últimos dez anos aconteceu um crescimento absurdo no número da obesidade no país. É um problema de saúde pública que pode acarretar no aumento de doenças como diabetes e hipertensão. Essa discussão é bastante importante para o contexto social brasileiro”, adverte Braga.

Outro assunto que pode ser abordado é sobre as doenças erradicadas e vacinas. Países europeus, Estados Unidos e inclusive Brasil, têm sofrido com o retorno de doenças que pareciam erradicadas, como sarampo e febre amarela.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização, a falta de vacinação é o principal motivo. Beltrão avalia que o assunto permite aos alunos transitarem entre o tema da saúde pública e o perigo das fake news, frequentemente responsáveis pela difusão de informações incorretas sobre o assunto.

  • Mobilidade urbana

O aumento populacional nos grandes centros e capitais brasileiras incentivou a iniciativa pública a investir e modernizar os meios de transporte. Ao mesmo tempo, o aumento das tarifas mobiliza a sociedade a exigir um transporte mais seguro, confortável e ágil.

“É interessante que o aluno tenha em mente como se dá a dinâmica da relação entre poder público e sociedade nesse assunto. Ao mesmo tempo, é extremamente importante entender as tentativas de empresas de transporte compartilhado de criar soluções para o problema de mobilidade urbana”, afirma Alana Vivas, consultora pedagógica do SAS.

“Ainda existe uma cultura do carro e uma individualização do transporte em detrimento do transporte público que é muito precário. Pouco se investe em políticas de deslocamento no país. As pessoas perdem tempo de vida dentro do transporte. A cidade não é democrática por conta dessa mobilidade que também não é democrática”, complementa Braga.

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  • Preconceito linguístico e a questão da variação da língua

Esse também é um tema importante e tem sido apontado como provável assunto para ser abordado na redação do Enem , pois trata da diversidade observada no Brasil, começando pela própria língua materna. “A análise dos diferentes falares como marcas locais, a questão da comunicação, da cultura e, claro, do preconceito linguístico, que, infelizmente, ainda é muito comum por parte de muitos brasileiros, além da necessidade de se combater essa realidade”, aponta Nunes.

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