Avaliação pode ser feita no portal do Enem para ajudar que o recurso para surdos seja adaptado
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Avaliação pode ser feita no portal do Enem para ajudar que o recurso para surdos seja adaptado

Depois de terem usado o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil" , para dar visibilidade para a comunidade surda, os candidatos surdos ou deficientes auditivos que fizeram o exame com a videoprova traduzida em Língua Brasileira de Sinais (Libras) vão poder fazer uma avaliação do recurso, que foi oferecido pela primeira vez.

Os participantes surdos terão acesso, disponível na Página do Participante do Enem, a um questionário de avaliação com perguntas e respostas apresentadas em Libras. A partir das respostas dos participantes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fará ajustes no recurso. A expectativa é que mais surdos e deficientes auditivos optem pela videoprova nos próximos anos.

A edição deste ano teve 1.925 solicitações de atendimento especializado para surdez e 4.390 para deficiência auditiva. Além da videoprova era possível optar pelo Tradutor-Intérprete de Libras.

O recurso é importante porque muitos surdos e deficientes auditivos têm a Libras como primeira língua e o português como segunda língua, o que dificulta o entendimento da prova no formato tradicional.

‘Não entendi nada’

Uma estudante surda que realizou a prova neste último final de semana afirmou em Santos, no litoral paulista, afirmou que teve dificuldades para responder às questões. Em uma carta escrita por ela, que afirmou que levará o caso à promotoria de Justiça, ela diz que mesmo com o auxílio de um intérprete de Libras, que só traduziam palavras, ela não conseguia interpretar o contexto das perguntas e alternativas que abordavam preposições ou conectivos da língua portuguesa – já que esses recursos não são utilizados na linguagem de sinais.

“O surdo não entende a estrutura da língua portuguesa. Apenas quem fala português entende o Enem. Os surdos precisam de interpretação do conteúdo de toda a prova. Não entendi nada. Precisamos de Tudo em Libras, por favor”, escreveu a jovem.

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Tema da redação

Para a comunidade surda e deficiente auditiva, o assunto abordado na redação foi encarado como uma oportunidade para a sociedade debater o que geralmente é ignorado: a inclusão dos surdos na sociedade, por meio da educação.

Logo após a prova, um vídeo de uma professora da Universidade Federal do Amapá (Unifap) viralizou nas redes sociais. Pamela Matos afirma como ela julga importante que o tema seja discutido.

Na publicação ela rebate, por meio de frases escritas em folhas de papel, uma ex-professora que criticou o tema da redação, alegando que a reflexão não seria relevante. “Há uns 15 anos atrás você foi minha professora, ou seja, você teve uma aluna surda. O que você fez para me incluir na sua disciplina? N-A-D-A”, afirma.

Como funciona a videoprova

As questões e as opções de respostas são apresentadas em Libras por meio de um vídeo, com o mesmo número, ordem e valor de questões da prova regular. Cada participante recebe um notebook para fazer as provas.

As orientações, os enunciados das questões e as alternativas de respostas são apresentadas em Libras por meio de vídeos gravados em DVDs. O participante pode escolher qual área do conhecimento fazer primeiro e poderá assistir aos vídeos na ordem que preferir. A redação também deve ser escrita em português.

O novo recurso de acessibilidade do Enem foi desenvolvido pelo Inep e sua Comissão de Assessoramento em Libras, composta por professores, pesquisadores e especialistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), entre outros.

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