Como governador, José Sarney viu a mortalidade infantil no Maranhão chegar ao dobro da média nacional
Agência Brasil
Como governador, José Sarney viu a mortalidade infantil no Maranhão chegar ao dobro da média nacional

José Sarney sempre foi um cavalheiro educado e amável, estimado por todos os políticos com quem conviveu e convive. Só que, em matéria de política, nem sempre ele agiu com tanta lhaneza.

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Fui por pouco tempo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do primeiro governo FHC, responsável pela TVE do Rio, onde descobri, perplexo, que toda a folha de pagamento dos professores do Maranhão (e só do Maranhão), estado de Sarney , era alocada na televisão educativa estatal havia muito tempo.

Esse pequeno detalhe mostra como o ex-tudo José Sarney consegue manobrar, a seu favor, algumas questões resultantes de um elaborado conúbio Estado-governo-Senado, em que sempre navegou com desenvoltura.

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Como governador do Maranhão, viu o índice de mortalidade infantil do estado chegar ao dobro da média nacional, sendo que, nos indicadores sociais do Brasil, o município que leva seu nome ficou em último lugar dentre 5.565 cidades do país.

Também a Fundação José Sarney, uma memorabilia repleta de louvaminhas ao veterano político, foi sempre paga pelo Ministério da Cultura. Depois de duas décadas, foi fechada pelo primeiro governador fora do clã Sarney, Flávio Dino, dias após assumir o cargo, sendo demitidos 48 (!) servidores comissionados que ali trabalhavam.

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1980, mas Millôr Fernandes, em sua ironia inteligente, considerava que Sarney deveria voltar a ser mortal, por ter escrito ‘Brejal dos Guajas’, que, segundo ele, só pode ser considerado um livro por ter 50 páginas, sendo 49 o mínimo definido pela Unesco.

Não é de estranhar, portanto, que há duas semanas o Supremo tenha decidido que Sérgio Moro não pode investigar Sarney com base na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que o acusa de ter recebido propina por nove anos, no valor de R$ 18,5 milhões.

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A razão para Sarney não ser investigado por Moro é que ele está sendo acusado junto com outros dois senadores, Romero Jucá e Renan Calheiros, que têm foro especial. Como só ele não tem, deveria receber tratamento igual ao dos colegas. Esse foi o voto dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Edson Fachin votou a favor do envio do processo a Curitiba, seguindo o voto de seu antecessor falecido, Teori Zavascki.

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