Última notícia do Brasil sobre ferrovias é a prisão de Juquinha Neves, ex-presidente da Valec (ferrovia Norte-Sul)
Reprodução/Valec
Última notícia do Brasil sobre ferrovias é a prisão de Juquinha Neves, ex-presidente da Valec (ferrovia Norte-Sul)

Fala-se muito da ‘africanização do Brasil’, no sentido pejorativo. Mas se a gente prestar atenção em alguns indicadores econômicos, vemos que, em crescimento do PIB, a maioria do continente africano ganha longe do Brasil, o que não chega a ser uma grande façanha, tendo em vista os nossos fracos resultados.

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Corrupção, há de monte por lá, mas nada comparável aos casos escabrosos que vemos por aqui. Afinal, um país para ter tanta corrupção, tomadas de decisão erradas, privilégios de castas que estouram a Previdência, etc., precisa ser muito rico, como é o nosso caso. Em compensação, quando falamos da africanização no setor de ferrovias , temos que nos curvar ao melhor desempenho dos africanos.  É o caso do trem unindo Rio e São Paulo, uma necessidade absoluta em um país como o nosso.

Tanto que a presidente Dilma Rousseff prometeu entregar o trem-bala entre as duas cidades, mais Campinas, antes da Copa do Mundo de 2014.

A ferrovia não saiu, e mais uma estatal foi criada, com nome pomposo: Empresa de Planejamento e Logística (EPL). Sabemos que empresas assim abrem, mas não fecham, e seguem sugando verbas. Só nessas preliminares, o gasto foi de mais de um bilhão de reais, mesmo sem existir a ferrovia.

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Enquanto isso, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, inaugurou em maio último a ferrovia Mombassa-Nairóbi, com 480 km, mais ou menos a extensão da nossa. Mas nada de trem-bala, que pode custar o triplo, e sim uma ferrovia ‘standard’, feita pelos chineses, com financiamento e tudo, de US$ 3,6 bilhões.

O ‘Mandaraka Express’ está funcionando, e a viagem equivalente a Rio-SP é feita em oito horas, contando com paradas, levando 1.260 passageiros por composição. Fora as cargas: um contêiner que custa 900 dólares por caminhão baixa para 500 dólares no trem.

A propósito, a última notícia do Brasil sobre ferrovia é a prisão de Juquinha Neves, ex-presidente da Valec (ferrovia Norte-Sul), acusado de lavagem de dinheiro (R$ 20 milhões), segundo o Estadão .

Nos últimos 30 anos, de acordo com a Folha , a Norte-Sul, ainda inacabada, consumiu R$ 28 bilhões, sendo que os órgãos de fiscalização estimam que pelo menos um terço foi superfaturado.

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Pena que não estejamos nos africanizando, pelo menos nas ferrovias.

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