Luiz André Ferreira

Necessidade de abrir as porteiras para mão de obra feminina

Dia Internacional da Mulher: elas continuam enfrentando consideráveis obstáculos para ingressar

Foto: FreePik
Dia Internacional da Mulher: necessidade de abrir as porteiras para mão de obra feminina


Em grande parte das sociedades primitivas, incumbia aos homens a atividade de caça, enquanto às mulheres cabia iniciar os primeiros cultivos agrícolas. Ao longo do tempo, elas foram progressivamente afastadas dessas tarefas e relegadas principalmente à preparação dos alimentos. Essa dinâmica persiste na contemporaneidade. Uma pesquisa revela que, apesar dos avanços recentes na inserção da mão de obra feminina, as mulheres ainda estão significativamente distantes da igualdade nesse segmento.

Elas continuam enfrentando consideráveis obstáculos para ingressar, e uma vez que conseguem transpor essas barreiras, deparam-se com novos desafios, como a ascensão a cargos mais altos e a equiparação salarial com homens que desempenham as mesmas funções. Isso sem mencionar os casos de assédios moral e sexual, problemas que persistem não apenas no agronegócio, mas em praticamente todos os setores profissionais.


Terreno Machista

Apesar do aumento da presença feminina nos últimos anos, é inegável que esse setor ainda é permeado por influências machistas e segregadoras. No entanto, esse comportamento sexista não é exclusivo do agronegócio brasileiro; trata-se de um fenômeno observado em muitas outras culturas. Embora a presença feminina no campo não seja algo recente, a desigualdade de gênero ainda é uma realidade persistente.

Ao longo dos anos, contudo, tem havido uma evolução nesse cenário, com mulheres ocupando espaços e se destacando em suas carreiras, seja como empreendedoras, técnicas ou especialistas. Segundo dados mais recentes levantados pela AgroLigadas em parceria com a ABAC, 54% das mulheres no agronegócio brasileiro atuam na agricultura, 32% na pecuária, 27% na bovinocultura e 2% na avicultura, com representatividade também em outros segmentos. Essas mulheres também estão investindo em suas qualificações, com 41% possuindo pós-graduação e 29% com ensino superior completo.

Além disso, o estudo revela que 69% são proprietárias, indicando um avanço significativo na participação feminina na gestão e propriedade das terras, enquanto 17% ocupam cargos de diretoras e 16% são empregadas ou supervisoras.

"Seu esforço, sua visão empreendedora e sua capacidade de superar obstáculos são genuinamente inspiradores", destaca o CEO e Fundador da Sonhagro, empresa especializada em crédito rural.

Discriminação no crédito

Apesar de na maioria dos segmentos, as mulheres serem apontadas como melhores pagadoras, estranhamente possuem mais dificuldade em conseguires obter as linhas de crédito voltadas para o agronegócio.

O preconceito de gênero continua sendo uma realidade para muitas delas, sendo que um terço das entrevistadas apontaram o acesso ao crédito rural como uma das principais barreiras. Essa questão é relevante, visto que o financiamento desempenha um papel crucial no fortalecimento das atividades agropecuárias, permitindo que as produtoras invistam em suas propriedades e melhorem a produção, contribuindo assim para a geração de emprego e renda.

"A importante atuação da mulher no agronegócio é inquestionável, trazendo uma visão diferenciada. Seu envolvimento ativo não apenas traz diversidade e enriquecimento para a área, mas também é imprescindível para assegurar o progresso econômico do país", ressalta Romário Alves.

Ainda persiste uma baixa empregabilidade de mulheres em profissões de apoio ao agronegócio, como veterinária, agronomia e zootecnia, representando apenas 15% do total.